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No futuro, máquinas conectadas ao cérebro poderão explorar seus pensamentos

Pesquisadores temem que a tecnologia se torne tão viciante quanto entorpecentes, e cobram leis regulatórias o quanto antes para evitar esse cenário.

Imagem: Jean-Pierre Clatot/AFP (Getty Images)

Algum dia, na sua casa, você estará preso a um capacete sugando comida por um canudo e consumindo conteúdo enquanto as mídias sociais e empresas de marketing aspiram seus dados de pensamento. Este é o cenário sugerido por um artigo do Imperial College de Londres, no Reino Unido.

Ok, talvez eu tenha exagerado, mas só um pouco. Na revisão prospectiva do estado da tecnologia das interfaces cérebro-computador (BCI, em inglês), pesquisadores alertam para um futuro em que empresas como Google e Facebook minam suas emoções para fins de marketing. Nessa mesma pegada, os videogames entrariam em sua mente e o vício em tecnologia do cérebro seria equiparado ao vício de entorpecentes. MicrosoftNeuralink já estão empurrando tornando isso em realidade. O Facebook tentou, mas colocou seus planos em espera.

Primeiro, os pesquisadores listam bons motivos pelos quais essa tecnologia deverá estar amplamente disponível. A BCI permite que pessoas com funções motoras limitadas controlem próteses, cadeiras de rodas, selecionem letras em uma tela, liguem as luzes, entre outras funções. Ela também pode detectar aspectos ou condições físicas, como cansaço, por exemplo.

“Além disso, devido à falta de cinestesia, o cérebro humano é incapaz de reconhecer a influência de um dispositivo externo sobre si mesmo, o que poderia comprometer a autonomia do indivíduo. Por esse motivo, os usuários podem perceber de maneira equivocada a propriedade sobre os resultados comportamentais que são gerados pela BCI, bem como atribuir incorretamente uma causa a isso”, descreve o artigo.

Os pesquisadores alertam que a máquina pode mudar seus “traços de caráter” e moldar uma nova “identidade pessoal”, além de nos viciar e agravar a desigualdade. Rylie Green, coautora do estudo, disse em um comunicado à imprensa que a tecnologia mira os usuários que precisam de assistência utilitária, e não o público em geral. “Para alguns desses pacientes, esses dispositivos se tornam uma parte tão integrada de si mesmos que se recusam a removê-los no final do ensaio clínico”, disse.

Nem é preciso dizer que o “marketing neural”, que seleciona a resposta emocional e a tomada de decisão inconsciente, apresenta uma grande oportunidade para os governantes corporativos explorarem a coleta de dados em massa.

Na opinião dos pesquisadores, a hora de legislar o uso em massa dessas tecnologias é agora. Eles também observam que cientistas anteriores sugeriram classificar legalmente “dados neurais pessoais” como peças semelhantes a órgãos, de modo que não possam ser coletados ou vendidos. Infelizmente, a lei geralmente leva anos ou décadas para ser de fato aprovada, mas espero que, neste caso, isso não demore muito para acontecer.

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