O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse no domingo (3) que os médicos que o trataram estavam preparados para anunciar sua morte enquanto ele lutava contra o COVID-19, a doença causada pelo novo coronavírus, segundo uma reportagem do tabloide Sun. Johnson disse que havia uma estratégia para lidar com a situação de sua morte parecida com o que ocorreu com Stalin.
Na entrevista ao Sun, Johnson teria dito que se lembra de se sentir frustrado e não conseguia entender por que não estava melhorando. Ele disse que os médicos tinham planos para caso as coisas dessem errado. No entanto, ele sustentou que “o momento ruim” ocorreu quando havia 50% de chance de os médicos terem de entubá-lo e colocá-lo em um respirador.
“Foi quando ficou um pouco… eles estavam começando a pensar em como lidar com a apresentação disso”, disse Johnson ao Sun.
Os pacientes de COVID-19 são colocados em respiradores quando não conseguem oxigênio o suficiente porque seus pulmões estão muito danificados. Os respiradores fornecem ao corpo mais oxigênio do que cânulas nasais e dão aos pulmões tempo para se recuperar por conta própria.
Os detalhes que Johnson forneceu sobre sua condição ao Sun contrastam bastante com as declarações anteriores do governo, que eram muitas vezes tranquilizadoras, mas não revelavam detalhes sobre a saúde do primeiro-ministro. Uma dessas declarações descreveu Johnson como “de bom humor” e “estável” durante sua primeira noite na UTI.
Além disso, o governo disse na época que a decisão de transferir o primeiro ministro para a UTI foi tomada como “uma medida preventiva no caso de ele precisar de um respirador”.
Inicialmente, Johnson disse que não sabia o quão grave era sua doença. Ele testou positivo para coronavírus no final de março e começou a se auto-isolar em Downing Street 10, na casa onde vive o primeiro-ministro do Reino Unido. Naquela época, ele apresentava sintomas leves, incluindo febre e tosse, mas continuou trabalhando em casa e liderou a resposta do governo à pandemia do coronavírus.
“O problema é que eu estava em estado de negação, porque estava trabalhando e continuei fazendo essas reuniões por vídeo”, disse Johnson na reportagem do Sun. “Mas eu estava me sentindo muito grogue, para ser totalmente honesto com você. Estava me sentindo como se estivesse bêbado — não por ter bebido, mas pelos sintomas que estavam bem fortes.”
Ele disse que seus médicos recomendaram que fosse ao hospital St. Thomas em Londres, embora ele não quisesse. No final, Johnson disse que os médicos tiveram que forçá-lo a ir, o que ele agora admite ter sido a decisão certa.
Johnson não chegou a usar um respirador, mas ele recebeu oxigênio por meio de uma máscara e disse que teve de usar litros e litros de oxigênio por um longo período de tempo. Embora ele reconhecesse a seriedade de sua condição na entrevista, quando ele estava no hospital, lembrou-se de pensar que esse não seria o fim. Johnson deixou o hospital em meados de abril e voltou ao trabalho na última semana de abril.
Naquela mesma semana, sua noiva, Carrie Symonds, deu à luz ao seu filho, Wilfred Lawrie Nicholas Johnson. O bebê recebeu o nome de ambos os avós. Além disso, o nome “Nicholas” é uma homenagem aos médicos que trataram Johnson de COVID-19, o dr. Nicholas Price e o dr. Nicholas Hart, que Symonds credita como os “salvadores da vida de Boris”.
De acordo com o monitor da Universidade Johns Hopkins, no domingo, o Reino Unido, com 187.400 casos, está na quarta posição entre os países com o maior número de infectados confirmados com COVID-19 no mundo, depois dos EUA, Espanha e Itália. Houve, ao todo, 28.446 mortes no Reino Unido.