Meditação não acalma todo mundo, diz estudo
Um dos maiores estereótipos de se fazer coisas relaxantes — como meditação — pode causar desconforto em algumas pessoas, segundo conclusões de um estudo que será liberado na próxima semana. A pesquisa diz que mais de um quarto das pessoas que meditam regularmente tiveram más experiências relacionadas à atividade.
Muitas pesquisas têm investigado os benefícios potenciais da meditação e técnicas de relaxamento semelhantes. Embora a meditação possa estar em um momento muito midiático ou sendo utilizada para vender produtos zoados, ela parece ajudar algumas pessoas que sofrem com ansiedade, depressão ou insônia.
Porém, há muito menos foco nos potenciais danos da meditação, mesmo que algumas pesquisas tenham sugerido que ela pode estar ligada a episódios de medo, ideação suicida e psicose, particularmente em pessoas que já estão lutando com sua saúde mental.
Os pesquisadores por trás deste estudo, publicado na PLOS One, realizaram uma pesquisa online com mais de 1.200 adultos que se disseram meditar regularmente – isto é, que praticaram a atividade pelo menos uma vez por semana por pelo menos dois meses.
Destes, 25,6% responderam “sim” quando lhes perguntaram se já tinham tido “experiências particularmente desagradáveis” que eles acharam que pudessem ter sido causadas pela meditação.
Embora a pesquisa não questionasse quais experiências ruins específicas essas pessoas poderiam ter tido, os exemplos fornecidos para responder a pergunta incluíam ansiedade, medo e um sentido alterado do mundo ou de si mesmas.
Os autores dizem que o estudo destaca a importância de mais pesquisa sobre os benefícios e malefícios da meditação. Eles alertam, no entanto, que o resultado desse artigo não deve ser considerado como definitivo.
“Neste momento, é importante não tirar conclusões prematuras sobre os potenciais efeitos negativos da meditação”, disse o autor principal, Marco Schlosser, pesquisador da divisão de psiquiatria da University College London.
Dito isto, foi possível perceber alguns padrões interessantes que Schlosser e sua equipe descobriram sobre quais são os grupos de risco.
Homens eram mais propensos a relatar más experiências, assim como as pessoas que eram menos religiosas. Pessoas que participaram de um retiro de meditação ou que praticaram somente a meditação desconstrutiva, que pede para que os participantes repensem a maneira como vêem o mundo e a si mesmas, eram também mais propensas a relatar uma experiência desagradável.
Não é só a meditação que é subestimada em estudos. Os autores observaram que também houve relativamente pouca pesquisa sobre como intervenções comportamentais mais tradicionais, como terapia e aconselhamento, podem às vezes afetar negativamente as pessoas.
De qualquer maneira, é necessário uma pesquisa que englobe a ampla gama de práticas terapêuticas e de meditação, as razões pelas quais as pessoas as procuram e os fatores que podem tornar essas atividades menos adequadas à elas.
“Estudos longitudinais ajudarão a aprender quando, para quem e em quais circunstâncias essas experiências desagradáveis surgem e se elas podem ter efeitos a longo prazo”, disse Schlosser. “Essa pesquisa futura poderia informar diretrizes clínicas, manuais de atenção e treinamento de professores de meditação”, disse Schlosser.
Portanto, se o pensamento de sentar-se em silêncio sem distrações soa como tortura para você, não se sinta tão mal, você não está sozinho.