Membrana preservada leva a nova descoberta do voo do pterossauro

Estudo publicado na revista Scientific Reports identificou como os répteis alados alçavam voo a partir de cursos d'água
Voo Pterossauro
Imagem: Julius T. Csotonyi/Reprodução

Os paleontólogos sabem que, por cerca de 160 milhões de anos, os pterossauros mantiveram uma forte relação com a água. Alguns desses animais se alimentavam dos peixes que viviam próximos da superfície, assim como fazem alguns pássaros modernos. 

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Os répteis alados podiam entrar na água, assim como os patos. Porém, os cientistas não sabem dizer como eles saiam de lá. Será que o pterossauro conseguia alçar voo direto dos lagos? Se sim, como isso era possível?

São essas as perguntas respondidas agora em um estudo publicado na revista Scientific Reports. A equipe formada por pesquisadores de diferentes instituições internacionais analisou tecidos moles de fósseis datados entre 145 e 163 milhões de anos.

Foram estudadas as membranas da asa e aquela localizada entre as patas de um Aurorazhdarcho, pterossauro tão pequeno que caberia na palma de uma mão. Seu tamanho reduzido engana: por ser menor, é comum que as pessoas pensem que o animal conseguiria sair com mais facilidade de dentro da água. 

Isso não é verdade. A menor estatura faz com que o pterossauro seja vítima de uma maior superfície de contato, o que resulta em uma maior tensão superficial. Por outro lado, o animal contava com pés palmados – os famosos pés de pato –, que podem ter contribuído durante suas idas à praia. 

Após análises, os pesquisadores concluíram que os pterossauros usavam os quatro membros para sair da água – um movimento conhecido como “lançador quádruplo”. Os animais usavam tanto as patas traseiras quanto as asas para “empurrar” a água e decolar. Essa é a mesma técnica usada por patos-reais hoje em dia.

Os pesquisadores também identificaram actinofibrilas na membrana preservada da asa. O nome confuso é referente a fibras que parecem ter ajudado no voo do pterossauro, controlando a rigidez da asa e diminuindo os impactos do vento. 

Tal mecanismo, inclusive, é de extremo interesse para a aeronáutica. O funcionamento das asas dos répteis pode ajudar engenheiros a desenvolverem novos helicópteros ou aviões baseados no animal, resolvendo problemas de vibração aeroelástica.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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