Ciência

Mercado turístico busca soluções urgentes para reduzir impacto ambiental

Medidas reais de preocupação ambiental por parte das empresas podem ser elementos críticos para o real cuidado com o meio ambiente, recomenda Renan Augusto Moraes Conceição
Foto: Lucien Wanda/Pexels

Texto: J. Perossi*/Jornal da USP

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Com a urgência da catástrofe climática, os olhos do mundo inteiro estão voltados para encontrar maneiras mais sustentáveis e com menor impacto ambiental de se relacionar com o ambiente ao nosso redor. O turismo também enfrenta esse paradigma.

Por outro lado, durante a pandemia da covid-19 o mercado turístico foi paralisado e sem a atividade turística alguns destinos começaram a se recuperar. Poluição sonora e atmosférica diminuíram drasticamente, rios e lagos começaram a apresentar águas mais limpas e uma série de outros impactos negativos começaram a desaparecer, mostrando que o turismo excessivo deveria ser repensado.

Renan Augusto Moraes Conceição, pesquisador em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, explica melhor a relação entre turismo e meio ambiente.

Demanda reprimida

Segundo dados do Barômetro do Turismo, informe realizado pela Organização Mundial do Turismo, a atividade turística estava em crescimento até 2019, quando a pandemia obrigou países a fechar fronteiras e cancelar voos. No final da emergência sanitária, as pessoas voltaram a viajar, causando um aumento repentino na atividade turística. Moraes Conceição dá detalhes: “As chegadas em viagens internacionais ao redor do mundo quase triplicaram entre os meses de janeiro a julho de 2022, sendo 172% maior que no mesmo período de 2021”.

O súbito aumento gerou um pico de emissão de gases efeito estufa e outros poluentes causados pela ação humana. Além disso, a retomada da demanda reprimida também causou sobrecarga nos destinos: “Com a retomada das viagens, o turismo manteve suas práticas e até se intensificou. Destinos que nunca haviam sofrido com problemas de massificação se veem, em 2024, com dificuldades de organizar os fluxos. Esse é o caso do Japão, que vem, desde 2023, buscando conter o ímpeto de turistas internacionais “, explica o pesquisador.

Renan Augusto Moraes Conceição – Foto: Currículo Lattes

Possíveis soluções

Pensando em como conciliar o aumento cada vez mais expressivo de turistas com a preservação dos destinos, o coletivo de pesquisas turísticas Alba Sud publicou um editorial sobre a necessidade de se pensar um decrescimento do mercado turístico. Segundo o editorial, o turismo de luxo emite muitos poluentes e outros resíduos não tratados. Uma das consequências da emissão dos gases do efeito estufa (GEE) é o aumento do nível do mar pelo derretimento das geleiras, o que afeta diretamente e negativamente pontos turísticos litorâneos e paradisíacos.

Por outro lado, um conceito cada vez mais em voga no mundo corporativo é o ESG – Environment, Social and Governance (Meio Ambiente, Social e Governança). Essa linha de gestão propõe trazer benefícios para as empresas que colocam práticas sustentáveis nas três esferas.

“Existe todo um setor das Bolsas de Valores reservado para negócios de empresas que comprovam esse tipo de gestão. Assim, medidas reais de preocupação ambiental por parte das empresas podem ser elementos críticos para o real cuidado com o meio ambiente. A ESG também está presente nas grandes empresas do turismo, que se aliam a comunidades locais para desenvolver projetos de educação e proteção ambiental,” conclui Renan Augusto Moraes Conceição.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo

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