O prefeito de Miami, Francis Suarez, não esconde que quer tornar sua cidade um paraíso para empresários do ramo de tecnologia e para os impostos que vêm junto com eles. A mais recente jogada de marketing é uma proposta para oferecer aos funcionários municipais a opção de receber em bitcoin. Suarez quer também que os cidadãos possam pagar seus impostos usando esta volátil criptomoeda.
Na quinta-feira, Suarez anunciou no Twitter que a comissão de governo de Miami havia aprovado uma resolução para permitir que a cidade estudasse a viabilidade de fornecer aos funcionários da cidade a opção de serem pagos em bitcoin. Os detalhes da reunião ainda não foram enviados ao site da cidade, mas a Bloomberg relata que a resolução foi um pouco menos ambiciosa do que o prefeito queria.
A comissão deu sua aprovação à medida em uma votação de 4 a 1, mas ajustou a linguagem para encomendar um estudo ao gerente da cidade para avaliar o impacto das metas da resolução. Essas metas também incluem o potencial de permitir que a cidade invista uma parte de suas receitas em bitcoin. Isso pode exigir a aprovação em nível estadual.
Suarez está ansioso para contratar trabalhadores da indústria de tecnologia que estão fugindo do alto custo de vida do Vale do Silício em um momento em que a maior parte de seu trabalho está sendo feita remotamente. Mais recentemente, ele ganhou as manchetes depois de falar com Elon Musk para que a Boring Company construa túneis subterrâneos para ajudar a aliviar os problemas de tráfego de Miami. “Se o governador e o prefeito quiserem, faremos”, tuitou Musk. Os críticos, porém, dizem que tal iniciativa pode ser uma missão impossível porque, entre outras coisas, o solo sob a cidade é cheio de cavernas e composto por calcário altamente solúvel. Mesmo se os obstáculos logísticos fossem superados, seria um projeto extremamente caro, disse um geólogo à Curbed.
O utopismo tecnológico de Suarez não é novo: ele tem sido um palestrante regular na Conferência de Bitcoin da América do Norte em Miami, que acontece anualmente, e tem cortejado gigantes do Vale do Silício, como Eric Schmidt e Chris Dixon, para ajudar a liderar uma migração tecnológica para sua cidade.
Oferecer aos funcionários a opção de serem pagos em dinheiro digital não é particularmente absurdo, mas a ideia de investir fundos da cidade em bitcoin pode ser arriscada demais. O preço da criptomoeda atingiu uma alta histórica perto de US$ 19.000 em 2017. Em janeiro de 2019, estava oscilando em torno de US$ 3.200. Na manhã desta sexta (12), a criptomoeda está saindo por US$ 47.700. Esse tipo de volatilidade tornou impraticável seu uso como moeda corrente, mas é difícil argumentar contra os ganhos de longo prazo. Além disso, deve ser mais confiável do que dar permissão para Elon Musk cavar o solo em uma cidade que está afundando.