Garrafa pet vira “barquinho” para carregar parasitas no mar

Pela primeira vez, pesquisadores americanos mostraram que os microplásticos podem levar patógenos ao oceano, apresentando risco à saúde humana. Acompanhe esse percurso
Microplásticos
Imagem: Naja Bertolt Jensen/Unsplash/Reprodução

Você provavelmente já ouviu falar em microplásticos. O nome remete a partículas minúsculas, menores que grãos de arroz, que podem se originar da degradação de objetos plásticos, como as garrafas pet. 

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Esses fragmentos já dominaram até mesmo os locais mais remotos do globo, tendo sido recentemente encontrados no Ártico. Os riscos são comumente associados aos animais marinhos, que ingerem os microplásticos e os adicionam à cadeia alimentar.

Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, levantaram mais um ponto que deve trazer preocupação. Patógenos acabam pegando carona nos microplásticos, alcançando assim mares distantes e causando perigos para a saúde humana. 

Importante: esta é a primeira vez que pesquisadores associam o microplástico a patógenos, mostrando os riscos adjacentes que a poluição pode causar à saúde humana.

No estudo, cientistas simularam o comportamento dos protozoários Toxoplasma gondii, Cryptosporidium e Giardia lamblia no oceano. O primeiro é o patógeno causador da toxoplasmose, enquanto os dois últimos estão ligados a doenças intestinais. 

Foram considerados dois tipos de microplásticos: microesferas de polietileno, aplicadas em produtos esfoliantes, e microfibras de poliéster, liberadas por roupas e redes de pesca. Os patógenos se mostraram capazes de navegar em ambos os plásticos, embora tenham demonstrado maior adesão às microfibras.

E depois que a viagem começa, há duas possibilidades. O barquinho de microplástico pode flutuar por longas distâncias, levando patógenos para áreas onde eles não chegariam naturalmente, ou afundar, concentrando parasitas no fundo do mar e permitindo que seres filtradores, como zooplâncton, comam os pedacinhos e os coloquem na cadeia alimentar. 

O estudo completo foi publicado na revista Scientific Reports.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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