Lembra quando falamos, na semana passada, de uma ferramenta da Microsoft que monta um sistema de pontuação para definir quais funcionários trabalham mais? Pois bem. Eis que, depois de todo o alvoroço envolvendo a plataforma, que essencialmente permitia aos chefes espionarem a atividade de usuários do Microsoft 365, agora a empresa voltou (um pouco) atrás nessa função um tanto invasiva.
O Índice de Produtividade é um novo recurso ativado por padrão para companhias que usam serviços do Microsoft 365, como Word, Outlook, Skype e Excel. A ferramenta permite que os empregadores acompanhem o que os trabalhadores estão fazendo nesses programas. A plataforma exibe 73 métricas diferentes de produtividade, incluindo quantas vezes eles ligam suas câmeras durante reuniões e quantos e-mails enviam por dia. Tudo normal, né? Só que não.
Os funcionários não podiam cancelar esse monitoramento, e suas informações individuais eram compartilhadas para que os chefes soubessem exatamente o que cada trabalhador estava fazendo. Somente os administradores tinham acesso aos controles principais, o que significa que só eles poderiam alterar quem era ou não vigiado. Agora, a Microsoft diz que considerou as implicações de privacidade e não revelará mais os nomes de usuário do recurso.
“Daqui em diante, as comunicações, reuniões, colaborações de conteúdo, trabalhos em equipe e medidas de mobilidade no Índice de Produtividade irão apenas agregar dados no nível da organização – fornecendo uma medida clara da adoção dos principais recursos no nível da organização. Ninguém na organização será capaz de usar o Índice de Produtividade para acessar dados sobre como um usuário individual está usando aplicativos e serviços”, disse Jared Spataro, vice-presidente corporativo do Microsoft 365, em um post nesta terça-feira (1).
Como muita gente se adaptou a um estilo de vida de trabalhar em casa, ainda mais por conta da pandemia do coronavírus, as empresas estão testando diversas estratégias para monitorar os funcionários de perto. O recurso da Microsoft apontava para a normalização deste comportamento. Contudo, a companhia diz que não era a intenção.
“Estamos modificando a interface do usuário para deixar mais claro que o Índice de Produtividade é uma medida da adoção organizacional da tecnologia – e não do comportamento individual do usuário. Nos últimos dias, percebemos que havia uma confusão sobre os recursos do produto. O Índice produz uma pontuação para as empresas no geral, e nunca foi projetada para pontuar usuários de maneira individual”, completou Spataro.
A Microsoft afirmou ainda que o Índice de Produtividade foi criado como forma de ajudar os departamentos de TI das companhias a controlar, de forma mais rápida e fácil, quais dispositivos precisam de manutenção. Até faz sentido, mas seria melhor ter sido mais transparente quanto a isso antes.