“Quem inventou o avião” é uma das perguntas com mais respostas enviesadas pela nacionalidade, mas “quem realizou o primeiro voo?”, geralmente, passa batida.
Enquanto os gringos afirmam que foram os irmãos Wright os inventores do avião, nós defendemos com unhas e dentes a tese de que quem inventou o avião foi Santos Dumont.
No caso do brasileiro, ele realizou o primeiro voo de avião em 1906, em Paris. No entanto, um monge britânico pode ter realizado o primeiro voo 900 anos antes do 14-Bis.
De acordo com o historiador de tecnologia Lynn White Jr., o monge Eilmer, da Abadia de Malmesbury, realizou seu voo entre os anos 1.000 e 1.010.
Voo do monge britânico 900 anos antes de Santos Dumont
O feito foi registrado pelo historiador William de Malmesbury, outro monge inglês da mesma abadia. William menciona o voo do monge britânico em um texto sobre a passagem do Cometa Halley, em 1066.
“Um cometa apresenta uma mudança nos reinos, segundo uma previsão com base nos astros, eles dizem, trilhando sua longa e brilhante cauda pelo céu”, escreve William, mencionando a representação de um cometa para a astrologia.
Eilmer, segundo os registros históricos de William, era um monge que estudava astrologia e ficou bastante assustado pela passagem do cometa. Neste contexto, William relata como seu colega chegou ao monastério. “Ele era um homem culto para aqueles tempos, de idade avançada, e que se arriscou a fazer algo de notória ousadia durante sua juventude”.
Na citação acima, William indica que o monge britânico se inspirou no mito de Dédalo, pai de Ícaro, e realizou o primeiro voo de um humano.
“Ele [Eilmer] tinha algo fixo em suas mãos e pés que se assemelhavam a asas quando saltou de uma torre e voou por mais de 200 metros”, diz o monge britânico. A título de comparação, Santos Dumont voou com seu 14-bis por uma distância de 60 metros acima de Paris, sem a assistência de um sistema de lançamento.
Porém, não há informações sobre o equipamento que o monge britânico usou durante o voo, mas o texto menciona “penas ou asas”. Segundo Lynn White, Eilmer voou com asas rígidas de tamanho considerável, “já que estavam fixas em seus braços e pernas”. Acredita-se que o equipamento pode ter funcionado como os atuais “wingsuit”, uma espécie de macacão com asas utilizado por paraquedistas em voos de alta performance.
Ainda de acordo com Lynn White, o final do voo não foi feliz para o monge britânico, que precisou encarar a gravidade.
“Abalado pela violência do vento e por uma corrente de ar, bem como pela noção de sua experiência ousada, Eilmer caiu e quebrou suas duas pernas, ficando coxo para sempre. Ele costumava relatar que a causa do fracasso foi porque ele esqueceu de colocar uma cauda [para estabilizar o voo]”.