Mudanças climáticas obrigam ursos polares a incluir baleia na dieta

Focas aneladas e barbadas são o cardápio preferido. Mas, na ausência delas, ursos polares são predadores mais flexíveis do que se imaginava.

As mudanças climáticas vêm provocando um degelo das calotas polares a níveis preocupantes, que está mudando o comportamento das populações de ursos polares (Ursus maritimus). É isso que indica o artigo de pesquisadores da Universidade de York, no Canadá, publicado na revista científica Science Direct. 

A equipe descobriu que os ursos polares, originalmente predadores de focas aneladas e barbadas, são, na verdade predadores mais flexíveis do que se imaginava. Isso quer dizer que eles vão comer o que estiver disponível. Mesmo.

No caso, as carcaças de baleia-cabeça-branca estavam se tornando cada vez mais comuns na dieta dos animais — mais especificamente as baleias assassinas que se aventuram mais ao norte e permanecem por longos períodos de tempo.

Para que isso fosse possível, os cientistas analisaram amostras de ursos polares de Nunavut, Canadá, fornecidas por caçadores durante ao longo de oito anos. 

Ars Melissa Galicia, pesquisadora da Universidade de York quem liderou o estudo, disse que o Ártico está mudando em um ritmo muito rápido, especialmente em comparação a qualquer outra região do mundo. E isso está fazendo com que as espécies dentro desse ecossistema tenham que se adaptar. 

O grupo de Galicia analisou as amostras por meio de um modelo dietético para descobrir as proporções da dieta de cada urso. Por exemplo, sua gordura corporal pode indicar que um urso teve 50% de sua dieta baseada em focas anelares, 25% de baleias beluga e 25% de focas barbadas.

A pesquisadora explicou em entrevista à CTV News que cada urso terá uma assinatura específica de ácido graxo, uma espécie de impressão digital do animal. Com isso, é possível saber o que aquele indivíduo está comendo e qual a porcentagem de sua dieta que isso representa. 

Ao cruzarem os dados da dieta dos animais com os locais de onde as amostras vieram, a pesquisa revelou as áreas mais abundantes em diferentes presas na região — como um tipo de marcação para determinar onde dada presa normalmente se encontra. A partir dos resultados, a equipe disse que conseguiu ter uma noção da distribuição da dieta do urso polar na região.

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Não há tanta informação sobre a abundância e distribuição de mamíferos marinhos no Ártico, por isso a pesquisa fornece uma luz para obter mais informações e destacar possíveis mudanças no ecossistema.

Os pesquisadores esperam que estudos futuros sobre as dietas dos ursos polares possam incluir espécies de presas que não são normalmente encontradas na região, para ajudar a prever a gravidade e a influência das mudanças climáticas. 

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