Ursos polares invadem uma vila na Rússia novamente

Nos últimos dias, 56 ursos polares famintos entraram em Ryrkaypiy, uma vila no norte da Rússia, após seu habitat ser destruído pela crise climática.
Foto: Maxim Dyominov (WWF-Russia)

Nos últimos dias, 56 ursos polares famintos entraram em Ryrkaypiy, uma vila no extremo norte da Rússia, forçando os habitantes locais a cancelar as comemorações do Ano Novo.

Não é incomum que alguns ursos visitem a vila, mas uma invasão desse tamanho é inédita, de acordo com a World Wildlife Federation. O grupo diz que a crise climática é a culpada pelo derretimento do gelo marinho que destruiu o habitat dos ursos, forçando-os a procurar comida em outro lugar.

“Se houvesse gelo suficiente, os ursos iriam mais ao norte para caçar as focas”, disse Mikhail Stishov, coordenador de projetos de biodiversidade do Ártico para o WWF na Rússia, em comunicado. “Até que o gelo não esteja espesso o suficiente, eles permanecerão em terra e poderão visitar a vila por curiosidade e fome”.

Se você acha que já ouviu essa história antes, tem razão. Em fevereiro, oficiais russos declararam estado de emergência após dezenas de ursos polares entrarem nas casas das pessoas perto do assentamento de Belushya Guba. Ryrkaypiy também foi o local em que ursos polares afugentaram centenas de morsas penhasco abaixo no final de 2017, antes de cercarem a vila.

Foto: Maxim Dyominov (WWF-Rússia)

“A reunião de ursos polares está se tornando mais frequente, e precisamos nos adaptar e encontrar maneiras de evitar conflitos entre pessoas e animais”, disse Stishov.

Com suas fontes alimentares normais esgotadas, os ursos polares foram vistos comendo carcaças de morsa que estão na praia desde o mês passado. Tatyana Minenko, chefe da patrulha de ursos polares de Ryrkapiy, descreveu os ursos como “magros”, o que nunca é um bom sinal para esta época do ano.

Os ursos polares dependem do gelo marinho – que derreteu rapidamente na última década – para capturar suas presas. Este ano, o gelo marinho atingiu a segunda menor extensão em 40 anos em setembro. A situação em torno de Ryrkapiy não melhorou muito nos meses seguintes. O gelo do mar de Chukchi, que faz fronteira com a vila, não retornou nas últimas semanas e os níveis de novembro foram mais parecidos com o meio do verão. Além das mudanças climáticas, que aumentam a probabilidade de interações entre ursos polares e humanos, suas dietas também estão em risco. Como eles foram forçados a vasculhar as terras com mais frequência, os cientistas estimaram recentemente que o plástico e outros tipos de lixo compõem um quarto da dieta dos ursos polares na Rússia.

Sob a Lei de Espécies Ameaçadas, a designação oficial dos ursos polares é “vulnerável” (ou seja, podem entrar em risco de extinção), mas os especialistas dizem que, de acordo com todas as medidas científicas, eles estão realmente em risco de extinção. Dois terços dos ursos polares do mundo poderiam desaparecer até 2050 se o seu habitat de gelo no Ártico continuar derretendo. Essencialmente, a continuação da existência deles depende da ação climática. E aqueles que ainda estão por aí podem acabar em contato com os seres humanos com mais frequência.

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