NASA confirma volta do El Niño e prevê clima com possível “calor recorde”
O planeta deve enfrentar clima com ondas de calor recorde nos próximos meses devido o El Niño — um fenômeno climático que eleva a temperatura das águas oceânicas. A NASA confirmou a manifestação em 12 de maio, depois que o satélite Sentinel-6 identificou o avanço de ondas Kelvin no Pacífico equatorial.
Essas ondas têm entre 5 e 10 centímetros de altura e se estendem por centenas de quilômetros de largura na superfície do oceano. Elas se movem da direção oeste para a leste, ao longo da Linha do Equador e na direção da costa da América do Sul.
Sempre que ondas Kelvin aparecem, cientistas logo identificam o prenúncio do El Niño. O fenômento tem relação com o enfraquecimento dos ventos alísios. Isso faz com que a água quente seja empurrada para o leste. Um dos efeitos é o impacto significativo nos padrões climáticos em todo o mundo.
A condição pode trazer climas mais frios e úmidos para o sudoeste dos EUA e seca em países do Pacífico, como Indonésia e Austrália.
“Se [o El Niño] for grande, o globo verá um aquecimento recorde”, disse Josh Willis, cientista do Sentinel-6 no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em comunicado.
Quanto tempo dura o El Niño?
O último El Niño ocorreu em 2019, quando o fenômeno se estendeu por seis meses — entre fevereiro e agosto. O mais comum é que isso aconteça uma vez a cada três a cinco anos, mas pode ocorrer com mais ou menos frequência.
Mesmo assim, os especialistas já estão em alerta. O último La Niña, fenômeno que esfria as águas oceânicas, ficou ativo por três anos.
Os cientistas acreditam que, por causa das mudanças climáticas, esses sinais naturais podem ser mais intensos – e, por consequência, causar mais estragos em áreas e populações menos favorecidas.
A NOAA (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA) já adiantou que há 90% de chance de o El Niño ocorrer em 2023 e persistir até o final do ano em uma intensidade moderada, com a temperatura da superfície do oceano aumentando até 1º C.
Mas também há 55% de probabilidade de que o El Niño seja intenso, com os termômetros subindo até 1,5º C a mais que o esperado. Essa é uma perspectiva especialmente perigosa. Pois, ultrapassa a marca estipulada pelo Acordo de Paris para o máximo de aquecimento possível ao planeta antes da situação chegar à calamidade pública.
Cientistas alertam que cruzar o limite de 1,5º C acima dos níveis pré-industriais aumenta muito o risco de a humanidade chegar a um ponto em que a ruptura climática é irreversível.
Como consequência, o planeta passará a enfrentar cada vez mais ondas de calor, secas severas, estresse hídrico e climas extremos em todas as partes do mundo, incluindo o Brasil.