NASA decifra mistério e gera mais dúvidas sobre asteroide bizarro

Asteroide rochoso com cara de cometa intriga astrônomos há décadas. Mistério sobre origem de chuva de meteoros persiste após nova descoberta
NASA decifra mistério e gera mais dúvidas sobre asteroide bizarro
Imagem: Hubble Space Telescope/ESA/Reprodução

Após 40 anos de estudos, a NASA chegou à conclusão de que o enigmático asteroide 3200 Phaethon não possui uma cauda formada por poeira. Entretanto, em vez de colocar fim ao mistério, essa descoberta acabou tornando o astro ainda mais bizarro.

Descoberto em 1983, o Phaethon foi catalogado como mais um asteroide rochoso do nosso Sistema Solar. Entretanto, os astrônomos logo descobriram que ele tem um comportamento anormal, criando uma espécie de cauda quando ele se aproxima do Sol – da mesma forma que os cometas.

Inclusive, a órbita do asteroide indica que ele é o responsável por gerar a chuva de meteoros Geminídeos, em dezembro. A liberação de poeira é algo comum apenas em cometas, formando uma espécie de nuvens de detritos no espaço. Quando a Terra atravessa essas nuvens, acontecem as chuvas de meteoros.

Até então, acreditava-se que a cauda era formada pela poeira que escapava de Phaethon quando ela interagia com o calor do Sol. Porém, um novo estudo – publicado no The Planetary Science Journal – mostra que a cauda é feita, na verdade, de gás sódio.

Em 2009, o telescópio espacial STEREO (Solar Terrestrial Relations Observatory), da NASA, detectou uma pequena e curta cauda em Phaethon quando ele se aproximou do Sol. O mesmo aconteceu em 2012 e 2016, o que reforçou a teoria da cauda de poeira.

Porém, em 2018, ao usar outro telescópio da NASA, o Parker Solar Probe, os cientistas descobriram que a trilha do asteroide continha mais material que ele poderia liberar durante suas aproximações com o Sol. Isso levou os astrônomos a se perguntarem se não havia mais material sendo expelido pelo Phaethon.

Geralmente, os cometas brilham por emitirem sódio quando estão muito perto do Sol, o que poderia ser o casi do asteroide. Ao testar essa teoria com o telescópio SOHO (Solar and Heliospheric Observatory), os astrônomos ficaram surpresos ao descobrir que a cauda do asteroide era visível no filtro que detecta sódio, mas não apareceu para aquele que detecta a poeira.

Além disso, o formato da cauda e a maneira como ela se comporta é consistente como uma cauda feita de sódio, mas não a de uma com poeira. Dessa forma, a cauda deve estar sendo formada quando o calor do Sol vaporiza o sódio presente no interior asteroide.

Então, qual é o mistério agora?

A questão que fica é: se o asteroide não está emitindo partículas de poeira, então, como ele fornece material para a chuva de meteoros Geminídeos que vemos todos os anos?

A principal suspeita da NASA é que Phaethon deve ter passado por algum grande evento disruptivo há alguns milhares de anos. O asteroide pode ter se partido sob as tensões de sua própria rotação, o que poderia ter ejetado bilhões de toneladas de material no espaço, e que geram hoje as chuvas de meteoros na Terra.

Segundo a agência espacial, o mistério deverá ser resolvido apenas no final desta década, quando a sonda japonesa DESTINY+ sobrevoar o asteroide. A missão deverá captar imagens da superfície de Phaethon e detectar a presença de poeira ao redor do objeto.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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