NASA lista quatro possíveis missões para explorar nosso sistema solar

Como parte do Discovery Program, que está em andamento, a NASA selecionou quatro missões possíveis que envolveriam alguns dos lugares mais hostis e enigmáticos do sistema solar. Fundado em 1992, o Discovery Program da NASA “dá aos cientistas a chance de aprofundar sua imaginação e encontrar novas maneiras de desvendar os mistérios do nosso sistema […]
A sonda Galileo da NASA capturou a lua Io de Júpiter enquanto uma erupção vulcânica ocorria, em 28 de junho de 1997. Imagem: NASA/JPL/DLR

Como parte do Discovery Program, que está em andamento, a NASA selecionou quatro missões possíveis que envolveriam alguns dos lugares mais hostis e enigmáticos do sistema solar.

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Fundado em 1992, o Discovery Program da NASA “dá aos cientistas a chance de aprofundar sua imaginação e encontrar novas maneiras de desvendar os mistérios do nosso sistema solar”, de acordo com o site do programa.

Os projetos escolhidos anteriormente incluem o telescópio espacial Kepler, o Lunar Reconnaissance Orbiter e a sonda InSight, que atualmente está em Marte. As próximas missões incluem as que vão explorar os asteroides troianos de Júpiter, o asteroide 16 Psique e a lua marciana Phobos.

Então, sim, esse programa tem um histórico muito bom — e, como indica o recém-anunciado lote de possíveis novas missões, essa é uma tendência que felizmente deve continuar.

Devido à maneira como o Discovery Program funciona, as missões propostas não podem interferir em projetos em andamento ou pré-aprovados. Por isso, esses quatro novos conceitos, que ainda não receberam aprovação final, envolvem missões para alvos científicos anteriormente negligenciados, mas altamente valiosos. A lista inclui Vênus, a lua Io, de Júpiter, e a lua Tritão, de Netuno.

Os responsáveis pelo planejamento dessas quatro missões pré-selecionadas agora farão estudos de nove meses para aprofundar seus conceitos. Todos eles receberam US$ 3 milhões em financiamento adicional para que isso aconteça. Os candidatos deverão desenvolver e refinar seus conceitos e enviar um Relatório de Estudo Conceitual formal ao Discovery Program.

Vamos dar uma olhada nos quatro candidatos em mais detalhes.

DAVINCI+

Imagem conceitual da DAVINCI+ durante sua descida em direção à superfície de Vênus. Imagem: NASA/GSFC

O primeiro é a DAVINCI+, que significa Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble gases, Chemistry, and Imaging Plus (Investigação de Gases Nobres, Química e Registro de Imagens na Atmosfera Profunda de Vênus, em tradução livre). O Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, Maryland, é o grupo por trás desse projeto, cujo objetivo principal é analisar a atmosfera nociva e agitada de Vênus. De fato, muitas questões permanecem em aberto sobre o planeta, que é quase uma panela de pressão — como ele se formou e evoluiu e se uma vez teve ou não água líquida em sua superfície.

Durante esta breve missão, a sonda esférica DAVINCI+ usará um paraquedas para descer lentamente em direção à superfície. Durante a descida, serão realizadas várias medições. Em particular, a sonda tentará detectar vestígios de gases nobres, como o xenônio, que podem revelar informações sobre o passado vulcânico e hidrológico de Vênus. A sonda também mapeará a superfície e detectará diferentes tipos de rocha.

Os instrumentos da DAVINCI+ serão protegidos do tremendo calor e pressão do planeta. Eles incluem uma câmera (responsável pelo sinal + no nome do projeto, já que ela foi adicionada recentemente) que tirará fotos durante a descida, que deve durar cerca de uma hora. E quanto tempo a sonda vai aguentar na superfície? Isso é uma incógnita.

IVO

O Io Volcano Observer (IVO; Observador de Vulcões de Io, em tradução livre) quer explorar outro alvo hostil: a lua Io, de Júpiter. Este objeto é super vulcânico, o resultado de tremendas forças gravitacionais impostas por seu enorme hospedeiro gasoso. Io tem a superfície mais dinâmica entre todos os objetos do sistema solar, tornando-o um excelente objeto para a exploração científica. As instituições envolvidas nesse projeto incluem a Universidade do Arizona em Tucson e o Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland.

O IVO realizaria cerca de 10 sobrevoos próximos a Io durante a missão, que tem previsão para durar cinco anos, mas poderia ser estendida por mais três, dependendo de como as coisas se desenrolarem. A sonda revelaria novas ideias sobre o aquecimento das marés e como o calor se acumula no núcleo e depois se espalha para a superfície. Essas descobertas ajudariam os cientistas a entender melhor os processos semelhantes vistos em outros lugares, como na lua Encélado, de Saturno, que apresenta um oceano quente debaixo de sua superfície.

Trident

A lua Tritão, de Netuno, fotografada pela Voyager 2 em 1989. Imagem: NASA/JPL/USGS

A missão Trident consistiria em uma passagem de uma espaçonave por Tritão, uma lua que orbita Netuno e sobre a qual se sabe muito pouco. Essa missão foi proposta pelo Instituto Lunar e Planetário de Houston, com a ajuda do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia. Ela exploraria o potencial de habitabilidade nas extremidades do sistema solar.

Observações da sonda Voyager 2 da NASA revelaram uma superfície gelada, porém altamente ativa, em Tritão. E, de fato, esta lua apresenta a superfície mais jovem entre os corpos terrestres no sistema solar, perdendo apenas para Io. Triton pode realmente ter sua própria atmosfera, o que a tornaria apenas a segunda lua em nosso sistema solar com essa característica — a outra é Titã, de Saturno. A lua também pode estar cuspindo materiais no espaço através de criovulcões — sim, vulcões literalmente de gelo. Também se acredita que sua ionosfera produz orgânicos complexos que precipitam como neve. Como se isso não fosse o bastante, Tritão também pode ter um oceano debaixo de sua superfície.

A missão Trident envolveria um único sobrevoo — seria uma coisa do tipo uma vez e pronto, semelhante à missão da New Horizons em Plutão. Embora breve, a Trident passaria excepcionalmente perto da lua, a menos de 500 quilômetros. Durante essa passagem, ela mapearia a superfície, mediria a ionosfera e procuraria traços de um oceano oculto. Como um bônus adicional, a Trident passaria por Júpiter a caminho do sistema netuniano.

VERITAS

Imagem conceitual de VERITAS em órbita ao redor de Vênus. Imagem: NASA/JPL-Caltech

Por último e não menos importante, temos a VERITAS, que significa Venus Emissivity, Radio Science, InSAR, Topography, and Spectroscopy (Emissividade, Radiociência, InSAR, Topografia e Espectroscopia de Vênus, em tradução livre). Essa missão de dois anos e baixo custo teria um satélite em órbita ao redor de Vênus, onde realizaria uma análise detalhada da superfície do planeta. O objetivo principal desta missão, liderada pelo JPL da NASA, é entender as diferenças e semelhanças comparadas à Terra. Essencialmente, a pergunta é por que Vênus se deteriorou e virou nosso gêmeo maligno?

Equipada com uma série de sensores, a VERITAS criaria um mapa topográfico 3D de Vênus, caçaria sinais de crateras, atividade tectônica, vulcanismo e água anterior, mediria a temperatura do planeta, estudaria seu campo gravitacional e faria um levantamento geológico detalhado.

A missão VERITAS pode ser vista como rival do projeto DAVINCI+. Seus planejadores projetaram a missão de modo que o satélite pudesse implantar uma sonda nanossat na atmosfera, onde, com seu espectrômetro de massa, procuraria gases nobres.

Parece improvável, portanto, que a NASA escolha as missões VERITAS e DAVINCI+, mas teremos que esperar para ver. Infelizmente, apenas uma ou duas dessas missões receberão o sinal verde e se tornarão uma missão oficial da NASA. Provavelmente ficaremos sabendo dessa decisão só em 2021.

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