Nasa vai enviar missões Davinci+ e Veritas para explorar atmosfera e superfície de Vênus

Uma sonda deve orbitar Vênus, mapeando-a e estudando-a de cima, enquanto a outra tentará pousar na superfície.
Ilustração do que deve ser a superfície de Vênus vista do Veritas. Ilustração: Nasa/JPL-Caltech/Peter Rubin

A Nasa anunciou na quarta-feira (2) que duas missões visitarão Vênus até o final desta década, no que serão as primeiras explorações diretas do planeta quente desde 1994. Uma sonda deve orbitar Vênus, mapeando-a e estudando-a de cima, enquanto a outra tentará pousar na superfície, obtendo amostras da atmosfera do planeta durante a descida para entender sua composição química. As duas são as mais recentes a sair do Programa Discovery da agência espacial, que é essencialmente uma incubadora interna para missões de ciências planetárias.

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“Essas duas missões irmãs visam entender como Vênus se tornou este mundo infernal, capaz de derreter chumbo na superfície”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, em uma entrevista coletiva. “Eles vão oferecer a toda a comunidade científica a chance de investigar um planeta que não visitamos há mais de 30 anos.”

Davinci+ é a abreviação de Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble gases, Chemistry, and Imaging Plus — em tradução livre, algo como “investigação de gases nobres, químicas e imagens da atmosfera profunda de Vênus” — e Veritas, além de “verdade” em latim, é a abreviação de Venus Emissivity, Radio Science, InSAR, Topography, and Spectroscopy — em tradução livre, “emissividade, ciência de radiação, InSAR, topografia e espectroscopia de Vênus”.

A Davinci+ irá sondar a atmosfera do planeta para entender sua química, enquanto o objetivo principal do Veritas será descobrir como Vênus evoluiu para uma paisagem infernal, com temperaturas de superfície de quase 480°C e uma atmosfera tão pesada que iria esmagar você.

Embora a entrevista coletiva não tenha mencionado nenhuma busca por organismos alienígenas, a Nasa já havia abordado a possibilidade tentadora de existir vida microbiana flutuando na atmosfera de Vênus, e uma descoberta controversa no ano passado sugeriu que um gás associado à vida pode estar presente lá. Conforme relatado pelo The New York Times, o estudo levou o então administrador Jim Brindenstine a dizer que era “hora de priorizar Vênus”. Foi o que a Nasa fez.

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Essas missões superaram duas outras propostas, a Trident e a Io Volcanic Observer, que propunham, respectivamente, fazer um sobrevoo pela maior lua de Netuno e conduzir 10 sobrevoos da lua Io, de Júpiter, Nós falamos sobre essas propostas no Gizmodo há algum tempo.

Davinci+ e Veritas serão adicionados à futura súmula do Programa Discovery, que atualmente inclui as missões Lucy e Psyche para explorar asteroides troianos perto de Júpiter e um asteroide rico em metal cuja órbita está depois de Marte.

Um comunicado à imprensa da Nasa diz que o lançamento das duas sondas está programado para algum momento entre 2028 e 2030. As duas missões do Programa Discovery atualmente ativas são o Lunar Reconnaissance Orbiter e o módulo InSight em Marte.

Uma imagem de Vênus tirada pela Mariner 10 em 1974 (à esquerda) e uma versão recentemente aprimorada da mesma imagem (à direita). Imagem: Nasa / JPL-Caltech

Anteriormente, as missões soviéticas Venera observaram e pousaram em Vênus entre 1961 e 1983, e as sondas Pioneer da Nasa fizeram essa viagem em 1978. Uma sonda sobreviveu à entrada atmosférica e enviou dados de volta à Terra por mais de uma hora antes de expirar. A incursão mais recente da Nasa em torno de Vênus foi a missão Magellan lançada em 1989, que mergulhou na atmosfera venusiana em uma gloriosa explosão final em 1994.

Há vários lugares intrigantes para explorar em nosso sistema solar, mas a decisão da Nasa de investir em Vênus — um mundo abafado e ardente que poderia ser visto como o inverso do deserto frio e seco de Marte — sublinha seu compromisso de compreender melhor como a Terra se tornou um oásis para a vida, enquanto seus parceiros planetários mais próximos não (até onde sabemos).

“Continuaremos a expandir os limites da exploração espacial por meio de missões científicas”, disse Nelson. “Faremos tudo isso e muito mais, porque é isso que a Nasa faz, e ninguém faz melhor.”

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