Nepalês escala Monte Everest pela 27ª vez; como ele conseguiu o recorde aos 52 anos
O alpinista nepalês Kami Rita Sherpa, de 52 anos, acaba de quebrar um novo recorde: na quarta-feira (17), ele alcançou o topo do Everest pela 27ª vez e se tornou o homem que subiu mais vezes ao pico da montanha mais alta – e perigosa – do mundo.
Kami Rita bateu o próprio recorde ao escalar a montanha 26 vezes, no ano passado. Ele é um guia sênior da empresa de expedições Seven Summit Treks, de Katmandu, a capital nepalesa. Ele começou a acompanhar grupos que visitavam a montanha em 1992.
Se não fosse a escalada atual, Kami Rita quase teria ficado empatado com Pasang Dawa Sherpa, que escalou o monte pela 26ª vez na segunda-feira (15). Maio é o melhor mês para escalar o Everest, por causa da visibilidade e da temperatura não muito fria.
Como ele chegou lá?
Em um post no Instagram, o alpinista comemorou o recorde. “Às vezes fica difícil, especialmente quando já se tem 52 anos”, contou ele. “Mas ainda tenho algum sangue jovem quando se trata de escalar. Me dá força quando sinto que as montanhas estão me chamando”.
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O nepalês chegou ao topo do Everest pela primeira vez em 13 de maio de 1994. Depois de 1997, fez pelo menos uma expedição anual ao pico mais alto do mundo. Em seu post, ele conta que começou a carreira quando jovem para ajudar a família.
Sua origem pode tê-lo ajudado de alguma forma. O alpinista é da etnia sherpa, um dos grupos nativos das regiões mais montanhosas do Nepal, Tibete e Himalaia. Esses povos cruzam as grandes montanhas da região gelada há séculos.
Ainda assim, a habilidade e experiência que Kami Rita reuniu ao longo da vida certamente lhe dão fôlego e capacidade para continuar as escaladas. Isso porque escalar o Everest é, provavelmente, uma das missões mais inóspitas e arriscadas do mundo.
O Everest tem 8.848,43 metros de altura. Ao todo, o percurso de escalada leva de 7 a 11 semanas, no lado nepalês. Os maiores obstáculos são o ar rarefeito e o frio, que podem chegar a -70ºC. Além disso, a altitude prejudica o corpo, uma vez que o cérebro perde a oxigenação e os músculos perdem a força.
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Zona da morte
A área acima dos 8 mil metros de altura já ganhou o apelido de “zona da morte”. O motivo: os alpinistas esperam ali, muitas vezes por horas, para chegar ao topo por causa da fila de alpinistas que se forma no local.
Além do tempo parado, o caminho é estreito e é preciso se apoiar em uma corda fixa, com dificuldades para enxergar. Nesse ponto, a maioria dos montanhistas precisa de tanques de oxigênio, por causa da densidade do ar.
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Por causa disso, não é de se espantar que muitas pessoas morram durante a escalada. Desde 1953, quando o neozelandês e o guia sherpa nepalês Tenzing Norgay alcançaram o topo do Everest pela primeira vez, outros 6 mil alpinistas se aventuraram na mesma travessia. Até 2021, porém, 311 pessoas morreram no trajeto.
Em 2023, o Nepal emitiu 463 licenças para alpinistas estrangeiros. Esse é o maior número de todos os tempos, o que levantou preocupações sobre a formação de filas no topo do cume.
Isso porque o trajeto se tornou uma fonte importante de receita para o país asiático, especialmente às famílias dos guias, como Kami Rita, um dos exemplos bem-sucedidos.
“Para mim nunca foi sobre recordes. No início, era a minha necessidade de ganhar para os vivos e quando o tempo se moveu a escalada tornou-se a minha paixão, eu simplesmente segui o fluxo que não percebi que era fazendo um registro histórico”, pontuou ele.