A Netflix planeja revisar um documentário lançado recentemente depois que o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki pediu ao CEO da Netflix, Reed Hastings, para editar os mapas mostrados na série.
The Devil Next Door é um documentário sobre o julgamento de John Demjanjuk, um mecânico ucraniano-americano acusado de ser um guarda do campo de concentração nazista e conhecido como “Ivan, o Terrível”. A série apresenta mapas que foram mostrados em Israel e na cobertura americana do julgamento de Demjanjuk no final da década de 1980.
Neste domingo (17), Morawiecki publicou em sua conta do Facebook uma carta que enviou à Hasting acusando a companhia de “reescrever a história” com mapas que retratam os campos de concentração nazistas em território polonês durante a ocupação da região pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Morawiecki argumentou que, uma vez que os mapas não incluem explicações explícitas de que os campos eram controlados pela Alemanha, as imagens enganam “os espectadores a pensar que a Polônia era responsável pela criação e manutenção destes campos”.
Na Polônia, há um forte ressentimento público por sugerir que o país teve algum envolvimento no Holocausto. No ano passado, o Partido Lei e Justiça aprovou uma lei controversa que proibia quaisquer alegações de que a Polônia foi cúmplice em crimes de guerra cometidos por nazistas.
A invasão da Polônia pela Alemanha nazista, em setembro de 1939, marcou o início da Segunda Guerra Mundial. A União Soviética invadiu a região 16 dias depois. Durante a ocupação de 1939-45, cerca de 6 milhões de poloneses foram mortos, incluindo 3 milhões de judeus – 90% da população judaica do país.
Na quinta-feira, a Netflix anunciou que planejava alterar as cenas de The Devil Next Door. Em um comunicado publicado na conta do Twitter da Netflix na Polônia, a empresa disse que apoiava os cineastas, mas que iria adicionar uma descrição a alguns mapas. “Isso vai tornar mais claro que o extermínio e campos de concentração na Polônia foram operados pelo regime nazista alemão”, diz a nota.
A Netflix não respondeu a um pedido de comentários do Gizmodo. O New York Times afirma que a Netflix não acredita que os mapas estejam incorretos. A Netflix fará as alterações em poucos dias, de acordo com a Variety.
Morawiecki respondeu às notícias em uma publicação no Facebook agradecendo à Netflix. “Os erros nem sempre são feitos por má vontade, por isso vale a pena falar construtivamente sobre a correção”, escreveu o primeiro-ministro.
Essa não é a primeira vez que a Netflix atende pedidos de governos. No mês passado, Hastings defendeu a decisão do serviço de streaming de retirar um episódio da série Patriot Act With Hasan Minhaj, que criticava Arábia Saudita e seus investimentos no Vale do Silício.