Muito se tem falado sobre Carrie Fisher, que faria 65 anos nesta quarta-feira (21), e sua interpretação da Princesa Leia nas telonas. No entanto, há algo profundamente inspirador em voltar aos primeiros momentos em que somos apresentados a ela em Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança.
A figura sombria de Darth Vader andando no corredor branco e brilhante envolto em fumaça, o desleixo casual de Han Solo na Cantina de Mos Eisley, até mesmo a angústia infantil de Luke Skywalker só querendo ir para a Estação Tosche e pegar alguns conversores de energia. Star Wars — mesmo antes de virar um fenômeno — introduziu de forma hábil e brilhante os seus personagens. Mas, como sempre, foi a princesa Leia que nos deu o a estreia mais épica de todos.
Antes de ler, assista a intro para imergir melhor no assunto:
https://www.youtube.com/watch?v=vLgsf8Pei6Q
A bordo do Tantive IV, enquanto o Império a persegue e nós, da perspectiva de C-3PO e R2-D2, somos convidados a este mundo estranho em um momento de puro medo e pânico, nosso primeiro vislumbre de Leia é (com o perdão da palavra) como um alien tentando existir nesse universo fantástico e perigoso.
Vista de longe, encapuzada enquanto se aninha para passar uma mensagem para R2-D2, esta é talvez a entrada digna de uma princesa que podemos esperar de um mundo fantástico como Star Wars e outras histórias sci-fi. Em suas vestes brancas esvoaçantes, ela é etérea, misteriosa, fugaz e graciosa. Mas, em questão de segundos, temos essa imagem quebrada na cena seguinte mostrando um lado mais destemida.
Leia, em uma missão tão secreta para nós quanto para seus perseguidores, desliza em nossa visão por trás da cobertura enquanto Stormtroopers vasculham os corredores. Imediatamente, a vemos com um blaster (arma espacial), assim que um capanga a vê, ela atira sem medo — mesmo que isso denuncie sua presença.
Mesmo depois ser capturada, ela é apenas uma sonhadora com um título extravagante (afinal, é uma princesa. Leia tem que ser capturada sem ser tocada e tudo o que precisamos aprender sobre ela, se resume a esta questão simples: quem tenta capturá-la tenta pegá-la com vida, e ela apenas os quer mortos. Esta não é uma princesa de conto de fadas, mas uma rebelde por seus próprios méritos — um soldado igual a qualquer um que tínhamos acabado de ver tentar se livrar do ataque imperial.
Todo aquele momento mostra uma praticidade simples e uma confiança determinada que transparece ao longo da atuação de Fisher no filme, e é algo a que retornamos cena após cena. Seu desafio quando ela reconhece o perverso Governor Tarkin, a forma como, mesmo cativa, ela resiste à intimidação de Vader. Mesmo quando ela deveria ser resgatada por Han e Luke, ela fica abalada por quão distintamente impressionada ela está por seus supostos heróis, imediatamente assumindo o controle e abrindo caminho para fora do cativeiro: um líder e um lutador.
Toda vez que temos a chance de fazer com que Leia seja percebida como a típica protagonista coadjuvante — o objeto de desejo, o símbolo subjugado pelo qual os homens devem lutar pelo controle — Fisher está pronta para o que vier com carisma e confiança exalando de suas expressões e ações mais nítidas para nos dizer que Leia é tudo, menos alguém para ser controlada.
E tudo começa com aquela simples intro, para dar seu primeiro tiro (de muitos) contra o Império. A Princesa (e depois, General) Leia nunca seria nada do que poderíamos esperar desde o início, e Carrie Fisher nos disse isso imediatamente.