No Dia Mundial do Café, saiba todos efeitos da bebida neste novo estudo
Nem herói, nem vilão: uma xícara de café por dia faz com que as pessoas se movimentem mais, mas também com que durmam menos. É o que mostra uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos EUA, publicada em 23 de março.
As novas descobertas sugerem que, embora o café seja capaz de reduzir o risco de doenças crônicas e, por isso, talvez até prolongar a expectativa de vida, ele também tem potencial para atrapalhar o sono e causar palpitações cardíacas.
O estudo é importante porque mostra os efeitos do café na prática, a partir de medições com sensores em ambientes cotidianos, sem o controle do laboratório.
Isso é diferente da maioria das muitas pesquisas já feitas sobre o assunto, que mostram apenas correlações e não a causa e efeito do consumo da bebida, além de trazer dados autorrelatados pelos participantes – que nem sempre são confiáveis.
Por isso, é comum que estudos anteriores sobre os efeitos do café sejam conflitantes. Há os que dizem que o grão pode ser prejudicial para o coração, enquanto outros afirmam que o consumo da bebida reduz o risco de morrer de doença cardíaca ou derrame. Afinal, quem está certo?
Nesta pesquisa, os cientistas recrutaram 100 homens e mulheres saudáveis da cidade de São Francisco, na costa oeste dos EUA. Eles os equiparam com Fitbits, monitores contínuos de glicose e aparelhos de eletrocardiograma que rastrearam seus ritmos cardíacos durante 14 dias.
A equipe pediu que cada participante bebesse a quantidade de café que quisesse por dois dias e, depois, se abstivesse da bebida por mais 48 horas. Eles repetiram esse ciclo por duas semanas, enquanto viviam suas vidas normalmente.
A única recomendação é que os voluntários pressionassem um botão toda vez que tomassem uma xícara de café, para documentar a ingestão em tempo real. Nos dias permitidos, a maioria tendia a consumir uma média de até três xícaras. A seguir, veja o que a pesquisa descobriu sobre os efeitos do café.
Café incentiva a atividade física
Segundo a pesquisa, beber café todos os dias faz que as pessoas deem, em média, 1.000 passos a mais por dia. Isso é um aumento significativo nos níveis de atividade física, o que abre caminho para associar o consumo do grão a melhorias na saúde.
Os pesquisadores ainda não conseguiram explicar o motivo para os passos extras. Mas o mais provável é que isso tenha a ver com o fato da bebida dar mais energia e motivação a seus consumidores.
De qualquer forma, dar 1.000 passos a mais por dia é uma atividade física importante e pode reduzir em 6% a 15% o risco de mortalidade precoce. “Essa é uma diferença clinicamente relevante na atividade física que pode ter implicações positivas a longo prazo”, disse Gregory Marcus, o principal autor do estudo, ao jornal Washington Post.
Consumir café reduz o período de sono
Ao mesmo tempo, porém, pessoas que consomem uma única xícara de café por dia perdem cerca de 36 minutos de sono noturno. E quanto mais café se bebe, menos se dorme.
Os marcadores mostraram que os participantes dormiam cerca de 7,2 horas por noite nos dias em que evitavam o café. Já nos dias em que bebiam, o período de sono caía para 6,6 horas. Mas, nesse caso, os pesquisadores alertaram que a genética pode ter um papel importante.
Pessoas que carregam variantes genéticas conhecidas como “metabolizadores lentos” da cafeína tiveram reduções de sono maiores quando bebiam café, na comparação com pessoas com “metabolizadores rápidos”. A principal hipótese é que isso acontece porque a cafeína permanece em seus organismos por mais tempo.
Palpitações cardíacas
A pesquisa também analisou os efeitos do café nas palpitações cardíacas, algo relativamente comum para pessoas saudáveis que consomem a bebida. A descoberta é que o café não causa um tipo comum de palpitação, conhecido como contrações atriais prematuras, ainda que autoridades de saúde alertem sobre isso.
Ainda assim, o consumo pode levar ao aumento de outro tipo de palpitação, chamada contração ventricular prematura. Trata-se de batimentos cardíacos extras ou irregulares, mas comuns e benignos.
Segundo Marcus, quase todo mundo já teve ou vai ter esse tipo de palpitação em algum momento. Ainda que sejam enervantes, não há motivo para preocupação em pessoas saudáveis.
“A realidade é que o café não é totalmente bom ou totalmente ruim – tem efeitos diferentes”, pontuou Marcus. “Em geral, este estudo sugere que o consumo de café é quase certamente seguro. Mas as pessoas devem reconhecer que existem esses efeitos fisiológicos reais e mensuráveis que podem, dependendo do indivíduo, ser prejudiciais ou úteis”.