Notebook velho cheio de vírus foi leiloado como obra de arte — e alguém topou pagar mais de US$ 1 milhão por ele
Um Samsung NC10 usado custa menos de US$ 200. Mas um Samsung NC10 usado com seis dos mais perigosos malwares aparentemente vale US$ 1,345 milhão — desde que seja vendido como uma obra de arte.
O artista digital Guo O Dong criou a obra “The Persistence of Chaos” (A Persistência do Caos, em tradução livre) a pedido da companhia de segurança cibernética Deep Instinct. Com a ajuda de engenheiros, ele instalou seis tipos de malware no aparelho fabricado em 2008.
De acordo com o Verge, Guo escolheu os vírus com base na quantidade de perdas financeiras causadas: BlackEnergy, DarkTequila, ILOVEYOU, MyDoom, SoBig e WannaCry — este último foi usado em um ataque cibernético em maio de 2017 que infectou mais de 200 mil computadores em 150 países e supostamente teria se originado na Coreia do Norte.
O artista inclusive está transmitindo o notebook amaldiçoado no Twitch.
Contanto que o computador permaneça desconectado do Wi-Fi ou via USB, o coquetel de pragas digitais que ele contém não poderá se espalhar.
“Como comprador, você reconhece que esse trabalho representa um risco potencial à segurança”, diz um aviso de isenção na página do leilão. “Ao enviar um lance, você concorda e reconhece que está comprando esse trabalho como uma obra de arte ou por motivos acadêmicos e não tem intenção de disseminar qualquer malware.”
Ao falar com o Verge, Guo se referiu ao laptop como “um tipo de bestiário — um catálogo de ameaças históricas”.
O artista explicou que queria criar uma representação física das piores ameaças cibernéticas. “Temos essa fantasia de que as coisas que acontecem nos computadores não podem realmente nos afetar, mas isso é um absurdo”, disse Guo. “Vírus cibernéticos usados como armas afetam redes de energia ou a infraestrutura pública e podem causar danos diretos.”
De acordo com a ArtNet, o projeto custou cerca de US$ 10 mil para ser concretizado, com a maior parte das despesas sendo usadas para assegurar que o computador ficasse totalmente desconectado. Garantir que um computador nunca seja conectado deve ser um procedimento relativamente barato, se não for gratuito, mas vamos fazer de conta que acreditamos nisso. Seja lá como for, é um retorno insano para o que foi investido.
O lance final veio no final da noite de segunda-feira. Jonathan Kaftzan, porta-voz do Deep Instinct, disse ao Gizmodo que a empresa não conhece a identidade do vencedor, mas está impressionada com o preço pago. Ele esclareceu que, como todo o malware no computador é antigo, não há “nenhuma chance de causar algum dano”, já que a proteção disponível nos antivírus protege contra essas ameaças.
“Quando estes malwares eram desconhecidos, e a maioria das soluções no mercado naquela época não protegia contra eles, o dano causado e a perda financeira foram enormes”, disse Kaftzan ao Gizmodo. A Deep Instinct e Guo estimam que os seis vírus usados nesta obra contribuíram para mais de US$ 95 bilhões em danos.
Guo disse à Artnet que está considerando dois planos para o dinheiro recebido com “The Persistence of Chaos” — gastar em outro projeto ou queimar tudo.