Nova análise dos dados vazados do Ashley Madison mostra mais mulheres e mais robôs

Novas análises de dados vazados do site de traição confirmam o que todos já sabíamos: grande parte dos registros do Ashley Madison são bots, e não pessoas.

Uma nova análise dos dados vazados do Ashley Madison mostram que a rede destinada à traição é infestada por robôs — robôs que querem o rico dinheirinho de homens buscando por um caso.

O Ashley Madison afirma que a análise anterior do Gizmodo, que mostra que quase nenhuma mulher usa o site, está errada e que isso não poderia ser determinado de acordo com os dados vazados. Eles podem estar certos neste ponto, mas, de qualquer forma, a mesma análise descobriu que a rede está infestada por robôs.

>>> O vazamento de dados pessoais do Ashley Madison é apenas o começo

Conforme mostramos na semana passada, os Termos de Serviço em português do Ashley Madison comprovam que o site cria robôs e engaja usuários com eles. A versão americana dos mesmos termos, no entanto, não inclui essa informação.

A primeira análise do Gizmodo acreditava lidar com dados de usuários humanos, mas todos os registros eram de robôs do site. As colunas “bc_email_last_time”, “bc_chat_last_time”, and “email_reply_last_time”, que acreditávamos tratar de hora e data de registro humano, na verdade apenas registravam a hora e data que robôs entravam em contatos com usuários humanos.

Em uma nova avaliação dos dados vazados, desta vez incluindo os 20 GB com emails e informações internas da empresa, podemos concluir que robôs conversaram mais de 11 milhões de vezes com usuários homens no site — 11.030.920 vezes com homens e 2.409 vezes com mulheres, para ser mais exato.

Além disso, a análise mostrou que a rede contava com cerca de 70.529 robôs femininos — contra meros 43 masculinos. Robôs estes que usavam emails @ashleymadison.com e cujo IP que sugeria que as contas foram criadas nos escritórios da Ashley Madison, conforme explicamos em nossa primeira análise.

E o que estes robôs falavam? Bem, pediam dinheiro, obviamente. Além das óbvias introduções cafonas, como “oi”, “olá”, “alguém em casa? rs”, “tá ocupado?”, “quer conversar?” e etc, os robôs também engajavam em conversas mais “profundas”:

Hmmm, quando eu era mais novo eu costumava dormir com os namorados das minhas amigas. Acho que hábitos antigos não morrem tão cedo, mas eu jamais dormiria com os maridos delas.

Sou sexy discreta e sempre pronta para uma conversa picante. Eu também o encontraria pessoalmente se nos conhecermos e acharmos que seria uma boa conexão. Isso soa intrigante?

Depois dessas adoráveis introduções, os robôs começariam a sugerir ao usuário que ele pagasse por créditos no site para usar demais serviços. Os que aceitassem pagar o serviço mais caro do site, no valor de US$ 250, seriam encaminhado a um “afiliado”. Acredita-se que esse afiliados era um terceiro que providencia alguém real para o usuário conversar.

E você deve ser perguntar: alguém acreditava mesmo nestes papos? Ou melhor: alguém paga por isso? Bem, aparentemente, muita gente.

Nos emails internos encontrados no segundo vazamento dos dados do Ashley Madison, foram encontradas tabelas que mostram como estes robôs aumentaram a receita da Avid Life Media, empresa dona do Ashley Madison.

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O gráfico mostra a receita da empresa no Canadá. Os robôs foram ativados no início de 2011, quando o lucro da empresa despencou, resultado do desligamento deste tipo de serviço. No entanto, quando ele foi reativado, 14 meses depois, a receita foi às alturas: de US$ 60.000 por mês para US$ 110.500 — o que leva à suspeita de que os robôs sedentos por usuários dispostos a gastar faziam parte a estratégia do Ashley Madison. Pelo menos em 2012.

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A empresa, no entanto, continua a manter o site como se nada tivesse acontecido, mesmo estando envolvida em um dos maiores vazamentos dos últimos anos. “Só na semana passada, centenas de milhares de novos usuários aderiram à plataforma Ashley Madison — incluindo 87.596 mulheres”, disse a companhia em um anúncio. “Temos usuários em praticamente todos os endereços dos EUA, além de mais de 50 países pelo mundo”.

Foto de capa: Tara Jacoby

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