Ciência

Nova tecnologia permite que as pessoas joguem apenas com o pensamento

Cientistas desenvolveram maneira de facilitar interface cérebro-computador com objetivo de melhorar a vida de pessoas com deficiência motora; veja o vídeo
Imagem: Universidade do Texas/ Reprodução

Você coloca um boné cheio de eletrodos, que conectam os sinais elétricos do seu cérebro a um computador. A partir de então, consegue comandar os movimentos de um jogo de corrida, como o Mario Kart, apenas com seus pensamentos.

Parece futurista, mas essa tecnologia já existe. E, em geral, não é feita com objetivo de facilitar as habilidades gamers de quem tem nos jogos um hobby. Na verdade, a BCI (Brain-Computer Interface, ou “Interface Cérebro-Computador) busca melhorar a vida de pessoas com deficiências motoras.

Agora, engenheiros da Universidade do Texas, nos EUA, desenvolveram ainda mais essa tecnologia. Ao incorporar novas capacidades de aprendizado de máquina, eles possibilitaram que essas interfaces se auto calibrem, o que torna a solução mais acessível e única para todos.

Os resultados da pesquisa e o novo método de calibração foram publicados em artigo na revista PNAS Nexus.

Diferencial da interface cérebro-computador

Como cada cérebro é diferente, esses dispositivos requerem uma calibração específica para cada usuário. Isso vale tanto para pessoas sem deficiência quanto aquelas com algum tipo de dificuldade motora.

“O treinamento de um sujeito BCI normalmente começa com uma sessão de calibração offline para coletar dados para construir um decodificador individual”, explica a equipe no resumo do artigo.

Geralmente, a calibração é demorada e exige o trabalho de um especialista. Contudo, com a aplicação de um novo decodificador, esse processo foi otimizado.

No estudo, um pesquisador desenvolveu um decodificador para dois testes. Um deles consistia na tarefa simples de equilibrar os lados esquerdo e direito de uma barra digital. Já o segundo era um jogo de corrida, que envolve pensar à frente para planejar os movimentos e aceleração em diferentes partes de uma pista, especialmente em curvas.

No total, 18 pessoas sem deficiência motora estavam realizando esses testes como forma de melhorar a função cerebral e também de treinar o decodificador. Então, o dispositivo funcionou bem o suficiente para que os sujeitos treinassem simultaneamente para o jogo da barra e o jogo de corrida de carros.

Com isso, o aparelho de interface cérebro-computador conseguia se auto-calibrar através da repetição. Dessa forma, a nova solução permitiu entender rapidamente as necessidades de um indivíduo e passar a executá-las, o que dribla o principal obstáculo da tecnologia.

De acordo com os pesquisadores, isso eliminará a necessidade de uma equipe especializada para fazer esse processo de calibração, que é longo e tedioso.

Na prática

Levando a nova tecnologia para aspectos cotidianos, José Millán, líder da pesquisa, continua os estudos de possibilidades de aplicação. Por exemplo, ele está projetando uma cadeira de rodas que os usuários podem dirigir com a interface cérebro-computador.

Além disso, o cientista também aponta que também é possível utilizar a ferramenta para controlar dois robôs de reabilitação para a mão e o braço.

“O objetivo desta tecnologia é ajudar as pessoas, ajudá-las em suas vidas cotidianas. Continuaremos por esse caminho, para onde ele nos levar, na busca de ajudar as pessoas”, conclui.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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