Nova teoria explica o estranho eixo de rotação do planeta Urano
Um grupo internacional de astrônomos desenvolveu uma nova teoria para explicar o estranho eixo de rotação do planeta Urano.
O gigante gasoso azulado tem um ângulo de inclinação de 98º em relação ao seu plano orbital e, ainda, gira no sentido horário (de leste para oeste) – na direção oposta da maioria dos outros planetas do Sistema Solar
A título de comparação, a inclinação do eixo da Terra é de em torno de 23º. É como se Urano girasse “deitado” ao redor do Sol, com o planeta “rolando” ao longo de sua órbita.
Até então, cientistas espaciais sugeriam que o eixo “torto” de Urano teria sido gerado após o planeta ser atingido por um grande corpo celeste ou sofrido a interação de outros objetos menores. Porém, até o momento, não foram encontradas fortes evidências que sustentassem essas teorias.
De acordo com um novo estudo, pesquisadores da University of Maryland, nos EUA; da Università di Pisa, na Itália; e das Sorbonne Université e Université Côte d’Azur; na França, acreditam que a inclinação de Urano foi causada pelo efeito de migração de luas para órbitas mais distantes.
Há alguns anos, astrônomos notaram que a inclinação de Júpiter estava aumentando devido à migração de suas luas. Conforme elas se afastam do planeta, elas acabam “puxando” o eixo de rotação de Júpiter – aumentando o ângulo de inclinação com o passar do tempo. Segundo o site Phys.org, este mesmo efeito é observado em Saturno, principalmente por conta da interação de Titã, a maior lua do planeta dos anéis.
No caso de Urano, simulações feitas em computador apontam que um único satélite com metade da massa da nossa Lua já seria o suficiente para puxar o ângulo de inclinação do planeta para perto de 90º, durante um período de apenas alguns milhões de anos.
O problema é que nenhum dos satélites atuais de Urano tem massa suficiente para causar esse efeito de inclinação. Por isso, a explicação dos cientistas é que, quando o planeta atingiu uma inclinação próxima de 80º, a órbita da lua deve ter se tornado instável e caótica, o que levou ela a colidir com Urano.
Essa colisão também teria ajudado aumentar ainda mais a inclinação e provocado a rotação oposta do planeta, como é vista hoje em Urano. O estudo está disponível na plataforma arXiv e aguarda os resultados da revisão por pares antes de ser publicado na revista Astronomy & Astrophysics.