Ciência

Novo catalisador promete decompor plásticos que poluem os oceanos

A descoberta pode ser uma boa alternativa para decompor o Nylon-6, plástico que polui oceanos, como redes de pesca, por exemplo. Saiba mais!

Pesquisadores da Northwestern University, nos Estados Unidos, desenvolveram um novo catalisador que decompõe o Nylon-6 em questão de minutos. A descoberta pode ser uma boa alternativa para decompor o plástico que polui oceanos, como redes de pesca, por exemplo. Os resultados da pesquisa foram publicados em artigo na revista Chem.

Entenda o contexto

Redes de pesca, tapetes e roupas. O Nylon-6 está presente em todos esses itens e, por isso, é um dos plásticos mais utilizados no mundo. Por sua composição física e química, é um material resistente, que faz com que seus produtos durem por bastante tempo.

No entanto, justamente por sua resistência e durabilidade, o Nylon-6 é um material que leva milhares de anos para se degradar. Dessa forma, quando descartado, permanece poluindo lixões e oceanos, afetando especialmente os animais marinhos.

De acordo com a WWF (World Wildlife Federation), até 500 toneladas de equipamento de pesca são abandonados no oceano a cada ano. As redes compostas de Nylon-6 representam pelo menos 46% de todo esse material no Great Pacific Garbage Patch, que é o lixo marinho que polui a região norte do Oceano Pacífico.

Para degradar este plástico, o método mais utilizado atualmente é a queima. Contudo, ela precisa ser feita em altas temperaturas, o que envolve muito gasto de energia e a liberação de gases tóxicos, entre eles o dióxido de carbono, que contribui para o aquecimento global.

O novo catalisador

O ideal é reciclar o Nylon-6 descartado para, então, reutilizá-lo. Por isso, pesquisadores vêm buscando alternativas para acelerar o processo de degradação deste plástico. Uma das maneiras de fazer isso é por meio de catalisadores, que são substâncias que aceleram reações químicas.

Até agora, pesquisas apenas haviam encontrado catalisadores que precisam ser aplicados sob condições extremas: temperaturas de até 350, vapor de alta pressão ou sob o uso de solventes tóxicos, que acabam poluindo a água e o solo também.

“Você pode dissolver plásticos em ácido, mas então fica com água suja”, disse Tobin Marks, autor do novo estudo. “O que fazer com isso? O objetivo é sempre usar um solvente ecológico. E que tipo de solvente é mais ecológico do que nenhum solvente?”, comenta.

Por isso, o novo catalisador é uma alternativa inovadora. Ele utiliza íons de lantanídeos e de ítrio, que é um metal abundante e, por isso, barato. Também não precisa de solventes para funcionar.

Além disso, o catalisador conseguiu decompor o plástico, em polímeros e então em monômeros, que são as moléculas que compõem os polímeros. Dessa forma, essas partes podem ser reutilizadas.

“Você pode pensar em um polímero como um colar ou uma sequência de pérolas. Nesta analogia, cada pérola é um monômero. Esses monômeros são os blocos de construção. Criamos uma maneira de quebrar o colar, mas recuperar essas pérolas”, afirmou Marks.

Segundo a pesquisa, o novo catalisador conseguiu recuperar 99% dos monômeros originais do Nylon-6.

Mais vantagens

Além de conseguir decompor o material, o novo catalisador também é seletivo. Isso significa que, se utilizado em um produto que mistura Nylon-6 e outros materiais, não vai prejudicar os compostos circundantes.

Isso significa que a indústria poderia aplicar o catalisador em grandes volumes de resíduos não classificados e direcionar seletivamente o Nylon-6. “Se você não tem um catalisador que é seletivo, precisa contratar pessoas para vasculhar todo o lixo para remover o nylon. Isso é enormemente caro e ineficiente”, explica Marks.

Outra vantagem é a possibilidade de criar produtos de valor maior a partir dos monômeros gerados pela decomposição do plástico. De acordo com os pesquisadores do estudo, o Nylon-6 reciclado é muito utilizado por grandes marcas de moda, o que faz com que tenha um preço mais alto.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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