Tecnologia

Novo estudo revela que 87% dos videogames clássicos estão indisponíveis

O número de videogames clássicos disponíveis nunca foi superior a 20%. Ou seja, cerca de 80% dos jogos lançados antes de 2010 não são acessíveis.
Imagem: Facebook/Reprodução

O crescente interesse em retrogaming nos últimos anos lançou uma luz sobre a preservação de jogos e videogames clássicos. Agora, o primeiro estudo a abordar o tema revela que 87% dos videogames lançados antes de 2010 estão indisponíveis em mídias físicas.

O estudo, publicado em julho deste ano, de autoria da VGHF (Fundação da História do Videogame), ressalta, no entanto, que os 87% de videogames clássicos indisponíveis não ‘sumiram’ do mapa.

As bibliotecas, arquivos e, até mesmo, emuladores, ajudaram a manter a preservação e acesso a esses títulos. Contudo, ainda segundo o estudo, o mercado precário de videogames relançados mostra como a indústria de videogames não faz um trabalho eficiente em preservar o acesso “à sua própria história”.

Aliás, como contexto histórico, o estudo define “videogames clássicos” todos os jogos lançados antes de 2010, devido à “transformação digital daquele período”. “Identificamos a década de 2010 como o início de uma era em que a distribuição digital de videogames ficou acessível em escala de varejo e foi amplamente adotada”, afirma.

Mesmo sem considerar as duas últimas décadas, verificar o status de cada jogo lançado antes de 2010 seria uma tarefa impossível. Portanto, a pesquisa focou em uma amostra de quatro mil jogos lançados nos EUA em um dos três consoles escolhidos para representar os diferentes níveis de interesse comercial e da comunidade.

As categorias são:

  • Ecossistemas abandonados: com pequeno interesse comercial e poucos jogos disponíveis. O estudo escolheu o Commodore 64 para esta categoria.
  • Sistemas negligenciados: quando ainda há um grande interesse comercial, mas poucos videogames disponíveis. A linha Game Boy foi a escolha do estudo, desde o primeiro lançamento do portátil até o Game Boy Advance.
  • Ecossistemas ativos: jogos desses videogames clássicos que continuam em re-lançamento, como PlayStation 2 — a escolha do estudo.

Percentual de jogos clássicos disponíveis. Imagem: VGHF

Assim, o estudo descobriu que, através dessas três categorias, o número de videogames clássicos disponíveis nunca foi superior a 20%. Ou seja, cerca de 80% dos jogos lançados antes de 2010 não estão acessíveis.

O estudo também destaca o caso do Game Boy, que possui apenas 25 jogos, de um total de 1.873, disponíveis comercialmente. Esse número, anteriormente, era maior antes da Nintendo encerrar as lojas virtuais do 3DS e do Wii U, em março deste ano.

“Quando as lojas online foram desativadas, a maioria dos jogos do Game Boy saíram do mercado”, escreveu Phil Salvador, diretor de biblioteca da VGHF. 

Por que o estudo é importante para a preservação dos videogames clássicos?

Esse estudo foi uma tentativa de fornecer uma explicação acadêmica para algo que os gamers já conhecem: é difícil jogar jogos antigos. E está ficando ainda mais difícil!

“A história dos videogames é muito mais que os grandes clássicos. Por isso, se quisermos entender e apreciar melhor a história dos videogames, é necessário muito mais que uma lista de videogames clássicos que as empresas escolhem pelo valor comercial”, completa Salvador.

A discussão que o estudo traz é sobre a ação necessária das bibliotecas e outras instituições de preservação para conseguir aumentar o acesso aos videogames clássicos que não geram o mesmo interesse comercial, como os antigos jogos de Mario e Sonic.

No entanto, o obstáculo para tal ação são as leis de propriedade intelectual dos EUA.

“O setor de herança cultural fez uma petição ao Escritório de Direitos Autorais dos EUA para liberar algumas diretrizes do DMCA a fim de permitir que bibliotecas e arquivos expandam suas atividades em relação à preservação e acesso de videogames”, diz o estudo.

Por outro lado, a Associação de Software de Entretenimento (ESA), o principal mecanismo de lobby da indústria dos videogames, se opõe a tais expansões do DMCA. De acordo com a ESA, “afrouxar essas restrições do DMCA em relação aos videogames afetaria os lucros das empresas se essas decidissem relançar um de seus clássicos”.

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