O botão “Estou Com Sorte” do Google ainda tem utilidade?

Recurso existe desde os primórdios do Google, mas hoje é visto como uma relíquia. Será que ainda vale a pena a permanência do "Estou Com Sorte"?
O botão "Estou Com Sorte" do Google ainda tem utilidade?
Imagem: Google/Reprodução

O botão “Estou Com Sorte” existe desde os primórdios do Google. Quando algum usuário digita algo na caixa de busca e clica neste botão, ele será levado diretamente ao primeiro resultado listado na pesquisa.

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Ele é rápido e fácil, economizando tempo ao realizar uma simples pesquisa. Porém, não é de hoje que o recurso é considerado algo subutilizado.

Em levantamento da Real Life Magazine, já em 2007, Marisa Mayer, então executiva do Google, afirmava que apenas 1% das buscas realizadas no Google utilizavam o botão. A verdade é que, até hoje, muita gente nem repara nele ou sequer sabe para que serve.

Além disso, a mesma executiva chegou a afirmar na época que o “Estou Com Sorte” gerava um prejuízo de 100 milhões de dólares por ano para a empresa, simplesmente porque as pessoas eram redirecionadas diretamente para as páginas de destino, sem eles verem os anúncios da rede de pesquisa.

Então, por que o botão ainda está na página principal do Google?

Telepatia cibernética

A existência do “Estou Com Sorte” vem de um tempo em que a internet ainda era uma “novidade”. O botão refletia uma sensação de liberdade, autonomia e de aventura, em que poderíamos explorar o, até então, inexplorado ciberespaço.

De acordo com o jornalista americano Steven Levy, os cofundadores do Google incluíram o “Estou Com Sorte” como uma forma de imprimir um grau de confiabilidade à plataforma frente aos concorrentes. A ideia era mostrar que a busca era tão boa que a ferramenta acertaria já na primeira tentativa, como se ela funcionasse por meio de um tipo de “telepatia cibernética”.

Pelo visto, esse otimismo do Google perdura até os dias de hoje.

Em 2010, quando o Google começou a introduzir o recurso da busca instantânea – em que os resultados apareciam enquanto o usuário digitava algo na caixa de busca -, parecia que o “Estou Com Sorte” seria finalmente aposentado.

Entretanto, quando o Google desistiu da busca instantânea, em meados de 2017, o tal botão ainda estava lá.

Hoje, em dia, ele ainda está presente na versão Web, mas anda sumido no mobile.

Crença do “Estou Com Sorte”

Em 2008, uma pesquisa realizada na Universidade do Canadá cunhou o termo “Síndrome do Sentimento de Sorte”, uma crença de que em única consulta na internet poderia ser respondida por um único site.

Nesse sentido, o botão do Google poderia simbolizar que a pesquisa na internet seria algo fácil. Entretanto, diante do crescimento desenfreado de páginas na internet nos últimos anos, tem sido cada vez mais difícil separar a informação da desinformação.

Atualmente, existe uma descrença das pessoas no conteúdo online, ao ponto de que a ideia de acessar uma página aleatória da internet pode parecer algo estranho ou mesmo ameaçador.

Com tantas denúncias de violação de privacidade, disseminação de fake news e toxicidade nas redes sociais, o botão “Estou Com Sorte” permanece como uma verdadeira relíquia online, um saudosismo que remete a um tempo em que acessar a internet era sinônimo de algo positivo, divertido e libertador.

 

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor, repórter e copywriter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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