Cultura

“’Ó Paí, Ó 2′ existe porque o público não deixou morrer”, explica Lázaro Ramos

A nova história com o músico Roque se passa 15 anos depois do primeiro filme e estreia no dia 23 de novembro nos cinemas. Veja como foi a coletiva online de elenco e direção
Imagem: H2O Films/Reprodução

Voltar a viver Roque em pleno 2023 nas ruas do Pelourinho, em Salvador, é especial para o ator Lázaro Ramos. Ele revisita seu personagem de 2007 no filme “Ó Paí, Ó 2”, com direção de Viviane Ferreira. A nova história com o músico Roque estreia no dia 23 de novembro nos cinemas.


E como foi viver Roque 15 anos depois de “Ó Paí, Ó”? “Eu estou mais velho, não tenho mais joelho. As cenas de dança eu não consegui fazer como antes”, brinca o ator com um sorriso no rosto ao responder os jornalistas na entrevista coletiva online nesta segunda-feira (13).

Essa alegria de Lázaro Ramos se reflete no filme, mesmo sem joelho e alguns fios de cabelos brancos na cabeça. E explica o motivo de fazer a sequência um tempo depois.

“[Ó Paí, Ó 2] É muito alegre. Foi o público que não deixou esse filme morrer. Essa obra teve o poder de continuar na vida das pessoas. E voltar é interessante para ver: como será a relação do dele [Roque] com Mãe Raimunda? Como vai ser o Roque pai?”

Lázaro Ramos

Imagem: Divulgação

Nesta parte 2 do filme de sucesso, o músico tenta emplacar um sucesso enquanto todo o grupo de amigo se une para salvar o bar da Neuzão (Tania Toko), que agora pertence a outro dono.

“Ó Paí, Ó 2” traz Psilene (Dira Paes), Dona Joana (Luciana Souza) — que perdeu os filhos Cosme e Damião —, Yolanda (Lyu Arisson), Reginaldo (Érico Brás). Além das participações de Luís Miranda e da atual ministra da Cultura Margareth Menezes.

Luciana Souza, a Dona Joana, faz coro a Lázaro Ramos. O público parece ser mais uma mão na construção do filme.

“Ele [público] foi dando contribuição, nos interrogando. Há essa contribuição. E nós somos artistas que temos responsabilidades e nossas histórias e trazemos uma carga de luta importante.”

Luciana Souza

“Ó Paí, Ó”, onde estamos hoje

Lázaro diz que a passagem do tempo serve de análise para os problemas mostrados no primeiro filme no Brasil, como o racismo. “Esse segundo filme é para rever os assuntos de 15 anos atrás e o que aconteceu com eles. Cada um dos personagens traz um desses temas e questiona o que o Brasil fez nesses anos todos”, explica.

Segundo o roteirista Elísio Lopes, esse é o ponto central da história: o que cada um vê nesses momentos do Brasil?

“A gente se encontrou para construir o roteiro. Todos os personagens são importantes, então o que é que eles estão enxergando? É daí que vem a história. Olhar a perspectiva dos personagens e encarar onde estamos hoje. E juntos achamos o mote de Neuzão perder o bar, mas todo mundo tem um desdobramento e traz uma pauta.”

Elísio Lopes

Esperançar através das telas

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A diretora Viviane Ferreira também assina o roteiro. Ela ressalta a importância do Bando de Teatro Olodum, a companhia negra que criou a peça “Ó Paí, Ó”, como o fio que liga todo o elenco e a produção.

Viviane é a segunda mulher negra brasileira a dirigir um filme de longa-metragem com “Um Dia com Jerusa”. Em “Ó Paí, Ó 2” ela pretende trazer esperança.

“Falávamos muito que era preciso esperançar, como verbo. O páis saindo de um período difícil. Então, era uma forma de olhar para as ferramentas históricas que nos manteve firmes, como a religiosidade, e apresentar ao país como ferramentes possíveis.”

Viviane Ferreira

Um filme sem intervalo

Cena de "Ó Paí, Ó 2"

Divulgação

Dira Paes é, novamente, Psilene. A atriz começou as gravações de “Ó Paí, Ó” dias após encerrar as cenas da novela “Pantanal”, da TV Globo.

Aos 54 anos, Dira comemora que o segundo filme traz um intercâmbio entre gerações. “Foi o casamento perfeito O Bando de Teatro Olodum é uma internet, porque é uma conexão entre as pessoas que concordam. ‘Ó Paí, Ó 2’ é a dinâmica da vida entre aqueles que precisam das pessoas. É um filme sempre atual, não parece que teve hiato entre um e outro”, disse na coletiva

A história terá as crianças do primeiro filme como jovens. Eles são Salvador (João Pedro), filho de Roque; Michelangelo (Pedro Amorim) e Reginho (Thiago Marinho), filhos de Maria (Valdinéia Soriano) e Reginaldo (Érico Brás); Gisele (Ariele Pétala), filha de Yolanda (Lyu Arisson) e Neuzão (Tânia Tôko).

“Ó Paí Ó 2” é uma produção da Dueto e Casé Filmes, em coprodução com Globo Filmes e Canal Brasil. A distribuição é da H2O Films.

Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel

Pedro Ezequiel é jornalista pela ECA - USP. Passou pela Rádio USP, Jornal da USP, UOL e DOC Films. Não dispensa café e podcast. É fã de "Moleque Atrevido" do Jorge Aragão.

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