O que Marte e a erupção em Tonga têm em comum
A erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga-Haʻapai, no último sábado (15), gerou um enorme tsunami que invadiu diversas ilhas do Pacífico, deixando populações desabrigadas e sem acesso a comunicação.
A tragédia, por outro lado, está servindo como objeto de estudo para pesquisadores da NASA. De acordo com um artigo publicado na revista Nature, a erupção do vulcão submarino em Tonga pode ajudar os cientistas a entender como as superfícies de Marte (e até mesmo Vênus) se formaram.
Antes de tudo, é importante lembrar que, bilhões de anos atrás, havia água líquida em Marte. O planeta vermelho também conta com pequenos vulcões cônicos, cuja formação ainda é pouco compreendida. Muitos deles podem ter entrado em erupção com fluxos constantes de lava, mas outros podem ter sido explosivos, como o Hunga Tonga-Hunga-Ha’apai.
Agora, voltemos à Terra. A ilha vulcânica em Tonga começou a se formar a partir de cinzas vulcânicas e lava expelidas do vulcão submarino. Esse movimento começou em 2015 e persistiu até 2022, o que é bem incomum, considerando que estas ilhas costumam durar apenas alguns meses antes de serem erodidas.
Os pesquisadores da NASA começaram a olhar para a região com outros olhos já aquela época, pois queriam entender como essas ilhas se formam, erodem e persistem. As semelhanças da estrutura com o que é visto em Marte e outros planetas do sistema solar permitiria uma comparação posterior.
Vale lembrar que não estamos tratando aqui de qualquer erupção vulcânica, mas sim de uma que ocorreu dentro do oceano. A presença de grandes quantidades de água do mar pode tornar as explosões mais violentas, além de resfriar rapidamente a lava e restringir a quantidade de gás emitida por ela. Sem falar que o ambiente marinho imita alguns aspectos da baixa gravidade, o que remete novamente ao planeta vermelho.
A explosão do vulcão em Tonga não foi tão positiva para a ciência. Desde dezembro, o gigante vinha apresentando pequenas erupções, que estavam aumentando o tamanho da ilha ao mesmo tempo que causavam sua lenta erosão – o que estava sendo documentado pela NASA. Agora, quase todo o bloco se foi. Cabe aos pesquisadores esperar para ver se outra ilha se formará no local.