Três anos e mais de 7 milhões de mortes depois, a Covid-19 já não representa mais uma “emergência de saúde global”. A confirmação veio por meio de Tedros Adhanom Ghebreyesus, presidente da OMS (Organização Mundial da Saúde), nesta sexta-feira (5).
“Ontem o Comitê de Emergência se reuniu pela 15ª vez e recomendou que eu declarasse o fim da emergência de saúde pública de interesse internacional”, escreveu. “Aceitei esse conselho. É, portanto, com grande esperança que declaro encerrado emergência de saúde global de Covid-19”.
Yesterday, the #COVID19 Emergency Committee met for the 15th time and recommended to me that I declare an end to the public health emergency of international concern. I have accepted that advice.
With great hope I declare COVID-19 over as a global health emergency.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) May 5, 2023
Segundo a OMS, a taxa de mortalidade pelo vírus caiu de mais de 100 mil pessoas por semana, em janeiro de 2021, para 3,5 mil em 24 de abril.
Apesar do número oficial de mortes ser de 7 milhões de pessoas, Ghebreyesus disse que é “provável” que o número real esteja perto de 20 milhões. Ele também alertou que o vírus continua sendo uma ameaça significativa, mas não mais a nível global, como era o status até agora.
Só no Brasil, a Covid-19 matou 701.494 pessoas, segundo o painel do Ministério da Saúde desta sexta-feira. Pelo menos 37,5 milhões de brasileiros tiveram resultados positivos nos testes para o vírus.
Pandemia não acabou
O decreto da OMS representa o fim oficial da emergência de saúde global deixada pela Covid-19. Mas a pandemia não acabou. O vírus continua em todo o mundo e a vacina ainda é essencial para conter as cepas que se multiplicam à medida que avança.
Isso abre uma nova discussão daqui para frente: a cobertura global da vacinação contra a Covid. Na África, apenas 35,7% da população está completamente imunizada. Em todo o mundo, a cobertura total da vacinação é de 64%, segundo dados do Our World in Data.
O combate às desigualdades que ficaram escancaradas na pandemia deve ser outro ponto-chave se o ser humano quiser se preparar às outras emergências de saúde que virão – por que, sim, é uma questão de tempo, como disse a microbiologista e presidente do IQC (Instituto Questão de Ciência), Natalia Pasternak, em entrevista ao Giz Brasil em dezembro.
O foco, agora, deve ser no investimento de sistemas de detecção, monitoramento de animais, ambiente e meteorologia, especialmente na prevenção de enchentes, secas e aumento de temperaturas.
O ideal seria contar com uma organização internacional central e um sistema de aviso com organizações e governos locais. “É algo que precisa ser levado a sério se não quisermos ficar tão vulneráveis quanto ficamos com a Covid. Um tremendo desafio”, pontuou Pasternak.