OMS: não existe garantia que curados de COVID-19 estão imunes à doença
Nas últimas semanas, começou a circular uma ideia reconfortante de que as pessoas se recuperavam de COVID-19, a enfermidade causada pelo novo coronavírus, não poderiam pegar a doença novamente. No entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contradisse essa suposição nesta semana.
Nesta sexta-feira (24), a OMS publicou um resumo científico no qual afirma que “atualmente não há evidências” de que as pessoas que se recuperaram de COVID-19 e tenha anticorpos estão protegidas contra uma segunda infecção. O documento teve como objetivo explicar a posição da OMS sobre os chamados “passaportes de imunidade” ou “certificados sem risco” que estão sendo considerados por alguns governos durante a pandemia.
Para obter um passaporte ou certificado, os indivíduos precisariam ter anticorpos para SARS-CoV-2, o nome oficial do novo coronavírus. Esses documentos permitiriam que as pessoas viajassem ou voltassem ao trabalho com base no pressuposto de que estão protegidas contra uma nova infecção.
No entanto, a OMS afirmou que até o momento nenhum estudo avaliou se a presença de anticorpos contra a SARS-CoV-2 fornece imunidade. Em termos de anticorpos, a OMS disse que “testes de laboratório para detectar anticorpos SARS-CoV-2” precisam de validação adicional para determinar sua precisão e confiabilidade”.
O órgão acrescentou que, neste ponto da pandemia, não há evidências suficientes sobre a eficácia da imunidade mediada por anticorpos para garantir a precisão de um passaporte ou certificado.
“As pessoas que assumem que são imunes a uma segunda infecção porque receberam um resultado positivo no teste podem ignorar os conselhos de saúde pública. O uso de tais certificados pode, portanto, aumentar os riscos de transmissão contínua”, afirmou a OMS no documento.
O Chile se tornou o primeiro país a anunciar o uso de “cartões de imunidade” para pessoas que haviam se recuperado de COVID-19. De acordo com a CNN, o sistema estava programado para se lançado esta semana, mas foi adiado para os próximos dias. A ideia de certificados de imunidade também foi divulgada na Alemanha e no Reino Unido.
Crítica ao posicionamento da OMS
O anúncio da OMS não está isento de críticas. Alguns membros da comunidade médica disseram que a agência está assustando desnecessariamente as pessoas, dizendo que há uma ausência de evidências sobre a imunidade.
“Pacientes que se recuperaram completamente de uma infecção viral são tipicamente imunes. A imunidade pode durar meses ou anos; isso varia”, disse Dr. Faheem Younous, chefe de doenças infecciosas da Universidade Maryland Upper Chesapeake Health, no Twitter. “Ausência de evidência não é evidência de ausência. Não vamos assustar as pessoas. É desnecessário”.
Recentemente, houve várias preocupações com a imunidade ao COVID-19. No início deste mês, a OMS começou a investigar uma situação alarmante na Coreia do Sul, onde mais de 150 pessoas que se recuperaram de COVID-19 apresentaram testes positivos novamente. As autoridades de saúde do país declararam que a possibilidade mais provável é que o vírus tenha sido “reativado” nos sistemas dos pacientes, embora ainda não há uma resposta definitiva.