Menos de duas semanas depois de os detectores de ondas gravitacionais LIGO e Virgo serem religados, eles já captaram evidências de dois pares de buracos negros em colisão.
Os cientistas não tentando apenas descobrir ondas gravitacionais — ondulações que viajam através do espaço inicialmente previstas pela teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Desde que detectaram as ondas pela primeira vez em 2015, os pesquisadores progrediram para usar grandes conjuntos de dados gerados por estes eventos — geralmente buracos negros colidindo uns com os outros — para resolver os mistérios do nosso Universo de maneira mais abrangente.
Os dois detectores de ondas gravitacionais, LIGO (que fica nos EUA) e Virgo (que fica na Itália), foram desativados no segundo semestre de 2017 para melhorias em sua sensibilidade. Os detectores atualizados foram reativados em 1º de abril. Foi o começo de sua terceira rodada de observação.
Já falamos algumas vezes que as fusões de buracos negros são corriqueiras, mas as duas primeiras semanas dessa rodada de observação demonstram o quão rotineiro se tornou captar esse tipo de acontecimento. Embora as coisas estivessem calmas na primeira semana, a segunda já trouxe dois sinais do que se acredita que sejam ondas gravitacionais, uma na segunda-feira (8) e outra na sexta (12).
Se os cientistas continuarem vendo esses eventos a uma frequência constante de uma vez por semana, “a astrofísica será transformada para sempre até o final da rodada de observação”, disse Vicky Kalogera, diretora do Centro de Pesquisa e Exploração Interdisciplinar em Astrofísica da Northwestern University, ao Gizmodo em um e-mail.
Um par de detectores nos EUA, chamado de Observatório de Ondas Gravitacionais com Interferômetro a Laser (LIGO), descobriu as primeiras ondas gravitacionais somente em 2015. Elas eram resultado de uma colisão entre dois buracos negros a 1,3 bilhão de anos-luz de distância. Desde então, o experimento do europeu Virgo passou a funcionar e compartilhar informações. Astrônomos já registraram 10 fusões de buracos negros e colisões de objetos menores, chamados estrelas de nêutrons.
Especificamente, os cientistas enviaram alertas para outros telescópios sobre dois de eventos de alta probabilidade. Esses telescópios podem, então, caçar um correspondente em ondas de luz para combinar do sinal captado pelos detectores de ondas gravitacionais, disse Christopher Berry, outro professor da Northwestern University, ao Gizmodo.
Esses sinais parecem ser importantes. “Eles passaram com louvor pelas nossas verificações iniciais de como os detectores estavam se comportando. Agora estamos fazendo verificações mais cuidadosas e realizaremos análises mais completas para descobrir suas propriedades.”
Você pode se perguntar por que já estamos ouvindo sobre essas colisões — os resultados das duas últimas rodadas de observação foram bem guardados. Berry explicou que, nas primeiras vezes, eles queriam se aprofundar nos dados e garantir que tudo que estava por trás dos resultados estivesse correto antes de apresentar qualquer coisa ao público. Agora, a menos que estejam fora do comum por algum motivo, as colisões individuais de buracos negros não são tão importantes quanto as tendências que vêm com mais dados.
Os cientistas ainda têm muitas perguntas sobre essas enormes erupções de energia. Em que parte de uma galáxia estão ocorrendo essas fusões de buracos negros? Existem fusões de segunda geração — dois buracos negros podem se fundir e, em seguida, se fundir novamente a um terceiro , que, por sua vez, pode ter sido mais de um em dado momento? Talvez reunir mais estatísticas poderá ajudar os cientistas a caçar até mesmo a misteriosa matéria escura.
É um grande momento para buracos negros, com toda a certeza.