Criadora do navegador Opera está prestes a ser comprada por um grupo chinês
Depois de sofrer vários prejuízos, a Opera Software vinha buscando alguém que quisesse ser sua nova dona. E parece que ela encontrou: um consórcio chinês de tecnologia ofereceu US$ 1,2 bilhão em dinheiro para comprar a empresa.
O anúncio foi confirmado pela própria Opera, que vem procurando um comprador desde agosto. O valor de mercado da empresa é de apenas US$ 800 milhões, e o conselho administrativo apoia a aquisição – ou seja, é questão de tempo até que ela passe para as mãos dos chineses.
O consórcio é composto pela Kunlun Tech e Qihoo 360. A Kunlun é conhecida na China por distribuir os jogos Angry Birds, Clash of Clans e Ragnarök Online. Em janeiro, ela adquiriu o controle acionário do Grindr, um app de encontro para gays.
Por sua vez, a Qihoo 360 é a empresa de antivírus responsável pelo 360 Total Security, e uma das principais investidoras na brasileira PSafe.
O histórico da Qihoo 360 é polêmico. A empresa é acusada de trapacear em testes de antivírus: o software para avaliação se comportava diferente da versão oferecida aos usuários. Em 2013, uma reportagem dizia que ela colocou backdoors no antivírus para roubar dados dos usuários; a empresa negou.
Além disso, a Qihoo 360 se envolveu em disputas judiciais com várias gigantes da internet chinesa, como o Baidu – inclusive no Brasil.
No ano passado, o Baidu entrou com processo porque o antivírus PSafe Total estaria recomendando aos usuários que removessem apps rivais. E o DU Speed Booster, do Baidu, ficou três dias fora da Play Store por ordem judicial: a PSafe disse que ele recomendava desinstalar seu antivírus no Android.
O que o consórcio chinês está pensando em fazer com a Opera? O comunicado oficial diz que “Kunlun e Qihoo poderiam promover os seus produtos e serviços para a base de usuários da Opera, e aproveitar a plataforma líder em publicidade móvel da empresa”.
Isso talvez signifique anúncios para instalar jogos da Kunlun e antivírus da Qihoo, e não só para usuários do Opera. Vale lembrar que a maior fonte de receita na empresa não é o navegador: é a Opera Mediaworks, plataforma de anúncios mobile que atende clientes como Samsung, Microsoft, Fox e Nintendo. Ela trouxe 75% do faturamento no último trimestre.
A Opera também recebe dinheiro por embutir a busca do Google no navegador, além de links para a Amazon e para outros parceiros. De acordo com o StatCounter, ela tem 1,83% dos usuários de navegador no desktop, e 9,62% em celulares e tablets.
A Opera Software anda mal das pernas há algum tempo. Ela teve prejuízo de US$ 58 milhões em 2014, e mais US$ 51 milhões em perdas no ano passado. [Opera via Engadget]
Foto por andreas/Flickr