Ciência

Ozempic natural? Fibras prebióticas podem agir da mesma maneira que o medicamento

Fibras prebióticas estimulam produção do GLP-1, o mesmo hormônio que no qual o ativo do Ozempic atua; saiba mais
Imagem: Ana Azevedo/ Unsplash/ Reprodução

Embora tenha surgido como um medicamento para controle de diabetes tipo 2, o Ozempic ficou famoso pela potencial perda de peso que ocasiona. Com o mesmo ativo que ele, a semaglutida, surgiu o Wegovy, desta vez licenciado com fins de tratamento da obesidade.

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No entanto, por se tratarem de medicamentos, devem ser usados apenas sob prescrição médica. Além disso, têm custo elevado e causam alguns efeitos colaterais. Mas alternativas naturais estão surgindo.

Agora, um estudo indica que outro nutriente natural tem ação parecida com a dos medicamentos: as fibras prebióticas. Presente em alimentos comuns no cotidiano e crescente no mercado de suplementos, ela surge como uma possibilidade de incrementar a dieta, ainda que seus efeitos não tenham a eficácia do Ozempic.

O que é a fibra prebiótica

De modo geral, ela é um tipo de carboidrato não digerível que serve como alimento para microrganismos que vivem no seu intestino – a chamada microbiota intestinal. 

Dessa forma, elas são ingeridas nas refeições ou por meio de suplementos, chegam não digeridas ao cólon e, uma vez lá, fermentam e alimentam as bactérias benéficas à saúde. Por exemplo, as bifidobactérias e os lactobacilos.

Assim, desempenham um papel importante no equilíbrio da flora intestinal. Em geral, há vários tipos de fibras prebióticas. Entre elas, está a inulina, que é encontrada em alimentos como cebola e alho, além do amido resistente, presente em bananas verdes e batatas.

Outros alimentos que contém fibras prebióticas são:

  • Grãos integrais;
  • Leguminosas, como grão-de-bico e lentilha;
  • Maçãs;
  • Frutas Vermelhas, como morangos e mirtilos.

Além de incluir esses alimentos nas refeições do cotidiano, uma startup chamada Supergut fornece também um suplemento de fibras prebióticas. A empresa está investindo em pesquisas científicas para investigar os benefícios desse nutriente para a saúde.

Fibra prebiótica e Ozempic: quais as semelhanças?

Quando chegam ao intestino e alimentam a microbiota, as fibras prebióticas induzem a produção de ácidos graxos de cadeia curta, substâncias como acetato, propionato e butirato. Eles têm diversas funções, desde manter uma barreira intestinal saudável até estimular a liberação de hormônios. Um dos hormônios liberados é o GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon).

Já o Ozempic e o Wegovy têm como ativo a semaglutida, substância com afinidade com o GLP-1. De modo geral, esse hormônio age melhorando a produção de insulina, reduzindo a quantidade de açúcar no sangue e retardando o esvaziamento do estômago. Tudo isso pode levar à perda de peso como consequência.

Dessa forma, as fibras prebióticas e medicamentos como o Ozempic têm funcionamento semelhante. No entanto, é preciso lembrar que os resultados do emagrecimento são diferentes.

Nesses casos, a semaglutida é extremamente eficaz para a perda de peso. De acordo com ensaios clínicos, pessoas que usam os medicamentos com o ativo tendem a perder cerca de 5% do peso corporal inicial. Alimentos ricos em fibra prebiótica certamente não podem igualar esses números.

Contudo, mesmo sem os benefícios da perda de peso, um estudo já comprova os efeitos positivos do nutriente para o aumento da sensação de saciedade e a redução de complicações metabólicas.

Por exemplo, em um ensaio clínico recente realizado pela startup Supergut, participantes que consumiram seu suplemento ao longo de um período de 12 semanas observaram melhorias significativas no controle do açúcar no sangue, perda de peso saudável e outras funções metabólicas quando comparados ao grupo que não consumiu o suplemento.

Além disso, as fibras prebióticas também beneficiam outros aspectos da saúde, desde a melhoria da imunidade até uma melhor digestão.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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