Ciência

Ozempic tem potencial para tratar Parkinson e Alzheimer, dizem cientistas

Estudos demonstram que medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro reduzem inflamação até no cérebro
Imagem: Robina Weermeijer/ Unsplash/ Reprodução

Depois de apresentarem resultados notáveis no tratamento da diabetes e redução de peso, remédios como Ozempic, Mounjaro e Wegovy podem servir também para outra finalidade: tratar doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer.

A ideia surgiu após novas evidências demonstrarem que os medicamentos que ativam o receptor GLP-1 podem reduzir a inflamação no fígado, rins, coração e até mesmo no cérebro. 

“Sabemos, a partir de estudos em animais e em humanos, que o GLP-1 parece reduzir a inflamação quase em todos os lugares”, disse o endocrinologista Daniel Drucker à revista Nature.

Em geral, a semaglutida (presentes em Ozempic e Wegovy) e a tirzepatida (Mounjaro) imitam um hormônio intestinal chamado GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon). É assim que atuam na redução do apetite e no controle dos níveis de açúcar do sangue.

Agora, pesquisadores indicam que sua ação também pode acalmar a inflamação causada por um ataque de células e substâncias químicas do sistema imunológico.

Do cérebro para todo o corpo

Drucker e uma equipe de pesquisadores investigaram como esses medicamentos reduzem a inflamação. Em geral, eles acreditavam que a própria redução do peso e dos níveis de açúcar no sangue já controlariam processos inflamatórios do corpo.

No entanto, os experimentos mostraram que o cérebro exerce um papel crucial. Para compreender a ação do sistema nervoso com o GLP-1, eles bloquearam os receptores do hormônio no cérebro de ratos de laboratório.

Como resultado, notaram que os medicamentos que imitam o GLP-1 não reduziram mais a inflamação em vários tecidos. Dessa forma, concluíram que os efeitos do Ozempic, do Mounjaro e do Wegovy são mediados pelo cérebro.

De acordo com especialistas, estudos anteriores indicaram que um pouco desses medicamentos pode realmente entrar no cérebro. Ainda assim, pesquisadores ficaram surpresos que, mesmo em pequena quantidade, essa interação seja tão importante para a ação anti-inflamatória.

Novas aplicações

Uma pesquisa recente listou 20 ensaios clínicos que exploram o Ozempic para tratar o Parkinson e o Alzheimer. Em ambas as doenças, proteínas específicas interagem com certos receptores no cérebro. Dessa forma, induzem à inflamação.

Até agora, pesquisadores acreditam que a função anti-inflamatória dos medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro permite processos importantes do cérebro, como o nascimento de novos neurônios. 

Em um dos ensaios, o uso do medicamento agonista do receptor GLP-1 fez com que pacientes com Parkinson tivessem melhora nas habilidades motoras. Enquanto isso, pelo menos dois ensaios clínicos estão testando a semaglutida como terapia para a doença de Alzheimer em estágio inicial.

De acordo com pesquisadores, a tendência é que o uso de medicamentos GLP-1 no tratamento de doenças relacionadas à inflamação se expanda ainda mais.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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