Pacientes obesos recuperados da Covid-19 podem desenvolver doenças a longo prazo
As descobertas sobre a Covid-19 não param. Desta vez, um estudo publicado na revista Diabet, Obesity and Metabolism revela que pacientes que têm obesidade e se recuperaram do coronavírus podem sofrer consequências da doença a longo prazo, em comparação com os pacientes que não têm essa comorbidade.
A pesquisa, que foi realizada pelo Cleveland Clinic, Estados Unidos, utilizou registros de pacientes que deram entrada entre março de 2020 e julho de 2020 e foram acompanhados até janeiro de 2021. O estudo avaliou três indicadores de possíveis complicações de longo prazo da Covid19 de 5.324 pacientes — admissão hospitalar, mortalidade e necessidade de exames médicos diagnósticos — que ocorreram 30 dias ou mais após o primeiro teste viral positivo para Sars-CoV-2.
Os pesquisadores dividiram os pacientes em cinco grupos, baseados no índice de massa corporal (IMC), calculado a partir divisão do peso pela altura ao quadrado. Foi considerado normal o IMC de 18,5 a 24,9; sobrepeso, de 25 a 29,9, obesidade leve, de 30 a 34,9; obesidade moderada de 35 a 39,9; e obesidade severa, 40 ou mais. A obesidade é uma doença caracterizada por IMC igual ou superior a 30.
Para a base da pesquisa, os cientistas consideraram pessoas com IMC normal como parâmetro de comparação. Como resultado, eles descobriram que após a fase aguda do Covid-19, 44% dos participantes do estudo precisaram de internação hospitalar e 1% morreu. O risco de internação hospitalar foi de 28% e 30% maior em pessoas com obesidade moderada e severa, respectivamente, se comparadas aos pacientes com IMC normal.
Exames de diagnóstico para avaliar problemas cardíacos, pulmonares, vasculares, renais, gastrointestinais e de saúde mental foram consideravelmente mais frequentes em pacientes com IMC de 35 ou superior. Além disso, o estudo descobriu que uma condição de saúde chamada sequela pós-aguda da infecção por Covid-19 (PASC) é um problema extremamente comum em sobreviventes de Covid-19.
“Essas condições podem levar a resultados ruins na fase aguda de Covid-19 em pacientes com obesidade e podem levar a um risco aumentado de complicações de longo prazo causados pela doença”, disse o presidente do Instituto de Endocrinologia e Metabolismo da Cleveland Clinic e coautor do estudo, Bartolome Burguera ao Science Daily.
Anteriormente, alguns estudos já mostravam a obesidade como um dos agravantes nos casos de coronavírus. Pacientes com essa comorbidade podem precisar de internação, terapia intensiva, suporte ventilatório e intubação. Contudo, “até onde se sabe, este estudo atual sugere pela primeira vez que os pacientes com obesidade moderada a grave correm um risco maior de desenvolver complicações de longo prazo de Covid-19 além da fase aguda”, explicou Ali Aminian, auto principal do estudo e diretor do Instituto Bariátrico e Metabólico da Cleveland Clinic. “As observações deste estudo podem ser explicadas pelos mecanismos subjacentes em ação em pacientes com obesidade, como hiperinsuflação (pulmão distendido), imunidade baixa e comorbidades”, completa Burguera.
A equipe planeja estudos futuros para confirmar os indícios da pesquisa que indicam que a obesidade é um fator de risco importante para o desenvolvimento de PASC. Dessa forma, eles poderão determinar um acompanhamento a longo prazo que seja mais rigoroso nos pacientes diagnosticados com coronavírus e que tenham obesidade.
Vale lembrar que a obesidade é uma doença passível de prevenção. Ela pode ser evitada com práticas de atividades físicas diárias, alimentação saudável, uma dieta rica em frutas, fibras, cálcio entre outros. E também deve-se evitar alimentos gordurosos, industrializados e com açúcares, segundo o Ministério da Saúde.