Ciência

Paleontólogos brasileiros correm para salvar fósseis de dinossauros no RS

A região das escavações é rica em fósseis, com 29 sítios paleontológicos, sendo 21 acessíveis pelos cientistas desde o fim das enchentes
Imagem: Janaína Brand Dillmann/CAPPA/Divulgação

Cientistas brasileiros correm contra o tempo para salvar fósseis de dinossauros conforme a previsão de chuva ameaça a integridade dos materiais expostos.

As recentes chuvas intensas no sul do Brasil, embora devastadoras para a população, revelaram-se um evento sem precedentes para a paleontologia.

Em maio deste ano, as chuvas expuseram fósseis de pelo menos 35 dinossauros, incluindo um raro esqueleto de dinossauro de 233 milhões de anos.

Agora, equipe do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica Quarta Colônia (CAPPA), da Universidade de Santa Maria (RS), trabalha incansavelmente para recuperar esses materiais.

Isso inclui o fóssil de um dinossauro carnívoro da família Herrerasauridae, que pode ser o segundo mais completo já encontrado.

Fósseis de dinossauros foram expostos pelas chuvas no Rio Grande do Sul

Paleontólogos encontraram fóssil de dinossauro de aproximadamente 233 milhões de anos exposto pela chuva no Rio Grande do Sul. Imagem: CAPPA/Divulgação

Os paleontólogos brasileiros, desde a descoberta do herrerassaurídeo, levaram os fósseis de dinossauros e pedaços de rochas para extração em laboratórios.

Desde as chuvas de maio, o cientista Rodrigo Temp Müller e seus colegas do CAPPA intensificaram o monitoramento dos locais de escavação perto de São João do Polêsine, que fica cerca de 280 km a oeste de Porto Alegre.

“Se os paleontólogos não conseguirem coletar os materiais quando eles começam a ficar expostos, corremos o risco de perder alguns fósseis para sempre”, afirmou Leonardo Kerbel, coordenador do CAPPA.

Os herrerassaurídeos foram um dos primeiros predadores a aparecer entre os dinossauros. A espécie surgiu há 200 milhões de anos, mas sumiram há 145 milhões de anos, dando lugar para os terópodes.

Outros fósseis de dinossauros menores encontrados após a chuva 

A alegria da descoberta, no entanto, é ofuscada pela tristeza e pelas perdas sofridas pela população local. As enchentes afetaram milhões de pessoas, deixando um rastro de destruição e sofrimento.

Além do dinossauro, a equipe de cientistas se dedica a salvar fósseis de dinossauros menores, como o crânio de um bebê rincossauro e os restos de um cinodonte, ancestral dos mamíferos.

Esses fósseis, embora menos chamativos que os de grandes dinossauros, são igualmente importantes para a compreensão da evolução da vida na Terra.

Aliás, os cientistas descobriram esses fósseis há uma semana, de acordo com a revista Nature.

A região das escavações é rica em fósseis, com 29 sítios paleontológicos, sendo 21 acessíveis pelos cientistas desde o fim das enchentes. Os quatro locais ainda submersos representam um risco para a preservação de outros fósseis.

No entanto, a proximidade do CAPPA facilita o trabalho de campo, permitindo que a equipe esteja presente sempre que necessário para monitorar os sítios e realizar escavações de emergência.

Por outro lado, os cientistas afirmam que o principal desafio é a falta de um museu local para armazenar e exibir os fósseis encontrados no Rio Grande do Sul.

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Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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