A OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu mudar oficialmente o nome da varíola dos macacos para Mpox. A definição partiu de uma série de consultas com especialistas e visa combater a “linguagem racista e estigmatizante”.
Em comunicado, a entidade afirmou que já passou a usar Mbox como sinônimo de Monkeypox. A nova definição será usada simultaneamente durante um ano, até que “varíola dos macacos” seja eliminada, disse.
Em junho, cientistas de todo o mundo assinaram uma carta aberta em que expressavam a urgência de mudar o nome da doença. Eles argumentam que o termo “varíola dos macacos” promove a discriminação, especialmente nas referências contínuas à África, onde a doença surgiu e onde há o maior número de casos.
A organização espera reduzir preconceitos sobre o vírus e, assim, tratar os contágios de maneira mais fácil e rápida.
De onde vem os nomes das doenças
Por muito tempo, os especialistas batizavam as doenças com nomes dos lugares ou animais de onde foram vistas pela primeira vez. Alguns exemplos são “gripe espanhola” ou “gripe suína”, por exemplo.
Em 2015, porém, a OMS atualizou sua política sobre o assunto e decidiu não continuar com a abordagem. O motivo: é raro que os nomes reflitam a verdadeira natureza da doença e, assim, podem promover a discriminação com determinados territórios ou fontes de contágio.
É o caso da agora Mpox: o contágio da varíola com os seres humanos é muito mais comum com roedores e esquilos, e muito menos com macacos, por exemplo.
Isso explica por que o vírus SARS-Cov-19 levou o nome de Covid-19 e não “vírus da China” ou “vírus do morcego”, por exemplo. Além de ser difícil precisar a origem de um vírus, o uso dessas palavras pode atrapalhar o manejo da doença e ainda ampliar a discriminação sobre uma população – o que aconteceu com os chineses na Covid-19, mesmo sem um nome que os relacionava diretamente aos contágios.