No próximo mês de março, um novo satélite da Google vai entrar em órbita com um objetivo bem delineado: o de monitorar emissões de gás metano, um dos principais poluentes causadores do efeito estufa — mais perigoso que, até mesmo, o CO2. A iniciativa é uma parceria da gigante de tecnologia com a Environmental Defense Fund.
O anúncio acontece em um momento em que os níveis de metano na atmosfera estão cerca de 162% mais altos que no período pré-industrial. Entre as principais atividades responsáveis pela liberação do gás estão a agricultura, além da extração, bombeamento e transporte de combustíveis fósseis.
Por exemplo, em junho de 2023 houve um vazamento de metano no campo petrolífero de Karaturun East, no Cazaquistão. De acordo com estimativas, o poço pode ter liberado o equivalente a 140 mil toneladas do gás na atmosfera.
Como vai funcionar
Chamado MethaneSAT, o satélite da Google está programado para orbitar a Terra 15 vezes por dia. A ideia é monitorar especialmente as regiões onde há exploração de petróleo e gás.
O Google Cloud usará ferramentas de inteligência artificial para processar e armazenar todas as informações coletadas. O visualizador de dados Earth Engine publicará as informações com atualizações que, por enquanto, não serão em tempo real.
Em geral, a Google prevê que os dados sejam enviados ao mapa em períodos de semanas. Dessa forma, a empresa espera que até dezembro tenha dados suficientes para apresentar um mapeamento das emissões de metano pelo mundo – tanto em relação às fontes que mais emitem quanto sobre aquelas mais suscetíveis aos vazamentos.
A partir das informações do satélite, a iniciativa busca gerar oportunidades para ações de governos, da indústria de combustíveis fósseis e de pesquisadores. A ideia é fornecer dados para embasar decisões de combate às mudanças climáticas “mais rápido e de forma mais eficaz”.
O metano e o aquecimento global
Embora o dióxido de carbono seja mais conhecido e relacionado às emissões de gases de efeito estufa (GEE), o metano também faz parte deste grupo e é quase 90 vezes mais potente em reter o calor.
No total, estima-se que ele tenha um potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o do CO2. Assim, mais de 100 países (inclusive o Brasil) aderiram ao Compromisso Global de Metano, que propõe a redução de 30% das emissões do gás até 2030.