Pegadas tamanho 24 atribuídas a urso jovem pertencem a hominídeo
Pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, mostraram que um antigo conjunto de pegadas antes atribuído à ursos pertencem, na verdade, a antigos hominídeos que habitaram a região da Tanzânia. O estudo que descreve a desconerta foi publicado na revista científica Nature.
As pegadas foram encontradas pela primeira vez em 1976, por Peter Jones e Philip Leakey. Os cientistas estavam investigando o sítio arqueológico de Laetoli, no país africano, quando se depararam com os fósseis, formados a partir do endurecimento de cinzas vulcânicas.
Na época, o formato dos pés levou a dupla a acreditar que se tratava de marcas deixadas por um urso jovem. As pegadas têm cerca de 16 centímetros, tamanho equivalente a um sapato infantil número 24 – ou a patas de um urso com menos de um ano. O material foi datado em 3,7 milhões de anos atrás.
Agora, os pesquisadores de Ohio perceberam que diversos fatores não faziam sentido na história inicial.
Para começar, um urso pode, sim, andar sobre as duas patas traseiras, mas não daria mais do que quatro passos nessa posição. Além disso, o dedão do pé era bem maior do que o segundo dedo — uma característica comum dos hominídeos.
Para fechar, os passos lembravam o andar de um modelo na passarela, com uma caminhada cruzada. A anatomia dos ursos não permite que eles mantenham o equilíbrio enquanto cruzam a pisada.
Outros grupos de pegadas também chegaram a ser encontrados em Laetoli anteriormente, em um local a poucos quilômetros de distância do novo achado. A trilha, deixada na mesma época das marcações recentes, sugeria que três hominídeos caminharam juntos por ali. As pegadas foram atribuídas ao Australopithecus afarensis.
Mas os cientistas acreditam que as novas marcações não pertençam ao A. afarensis. Se for confirmado que o fóssil remete a um hominídeo diferente, será possível dizer que duas espécies distintas coexistiram na Tanzânia.
Lembre-se, os primeiros hominídeos eram menores que os humanos modernos. Os cientistas estimam que os donos das pegavas tinham entre 101 e 104 centímetros. O tamanho pequeno dos pés não indica que o andarilho era necessariamente uma criança.