Peixe que vive a até 4 km de profundidade tem vida sexual de vampiro

Quando estão prontos para procriar, os machos mordem as fêmeas, fundem seus tecidos com os dela e passam a se alimentar de seu sangue - o que, estranhamente, é aceito pelo organismo das parceiras
Descoberto a 4 km de profundidade, este peixe tem vida sexual de vampiro
Imagem: Museu de História Natural de Los Angeles/Reprodução

O tamboril, peixe que vive a até 4.000 metros nas profundezas do oceano, tem uma vida sexual no mínimo diferente: quando estão prontos para procriar, os machos mordem as fêmeas, fundem seus tecidos corporais e nunca mais as soltam. 

Assim, começa um processo de parasitismo sexual. O macho se conecta ao suprimento de sangue da parceira e se alimenta de seus nutrientes, como se fosse um vampiro. Também existe o caso em que o macho rastreia a fêmea e a morde. Quando ela libera seus óvulos, ele a fertiliza e depois nada em busca de outra parceira. 

Há uma pequena diferença na forma de reprodução de cada uma das 170 espécies de tamboril, mas todas incluem o mesmo cenário: peixes que nadam grudados ou muito próximos um do outro, à espreita do período de ovulação das fêmeas. 

“O recorde que eu conheço são oito”, contou James Maclaine, curador do Museu de História Nacional de Londres, ao jornal The Guardian. Segundo ele, em algumas espécies de tamboril, é comum que machos fiquem “colados” ao traseiro das fêmeas, onde os ovos são liberados. 

Em outros, os machos buscam apego permanente e se fixam em qualquer lugar do corpo das parceiras – incluindo a cabeça. Também existem casos em que esses peixes se grudam a fêmeas de outras espécies. “Não sabemos se é apenas desespero ou erro de identificação”, disse o curador. 

Acasalamento complexo

O ictiólogo (zoologista especialista em peixes) Charles Tate Regan descobriu a vida sexual do peixe tamboril em 1925. Mas a primeira gravação desse acasalamento incomum só saiu em 2018. Até então, quando pesquisadores viam peixes presos uns aos outros, presumiam que eram filhotes junto da mãe. Assista: 

Em 2020, um estudo feito no Instituto de Ciência Max Planck, da Alemanha, descobriu que, para adotar seus parceiros parasitas, as fêmeas de tamboril diminuem de tamanho. Para isso, chegam a abandonar partes importantes do sistema imunológico.

Graças a alterações nos genes que fazem seu sistema imune detectar as células estranhas – incluindo as produtoras de anticorpos –, o organismo das fêmeas não reage quando os machos começam a fazer parte do próprio corpo. A ciência ainda não sabe como esse mecanismo funciona.

De modo geral, os tamboris têm o corpo globular e irregular, com uma longa ponta brilhante acima de suas cabeças. Esse “chifre” é o que atrai as presas para suas mandíbulas cheias de dentes pontudos. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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