Ciência

Pesquisa mostra que microplásticos estão até nas nuvens

Cientistas encontraram nove tipos diferentes de polímeros e um tipo de borracha. Poluição de nuvens por microplásticos pode afetar o clima
Imagem: Unsplash/Reprodução

Que o mundo tem se tornado um local cada vez mais poluído, isso todos já sabemos. Mas uma nova descoberta assustou até mesmo os cientistas: uma pesquisa publicada na revista Environmental Chemical Letters mostrou que microplásticos também estão presentes nas nuvens.

Não apenas isso, mas o estudo aponta que esses microplásticos nas nuvens podem estar contribuindo para as mudanças climáticas.

Os pesquisadores da Universidade Waseda, no Japão, encontraram vários tipos de polímeros e borracha na água das nuvens ao redor do Monte Fuji, a maior montanha do Japão, e do Monte Ōyama. “Até onde sabemos, este estudo é o primeiro a detectar microplásticos transportados pelo ar na água das nuvens, tanto na troposfera livre quanto na camada limite atmosférica”, escreveram os cientistas no estudo.

Na prática, existem várias maneiras pelas quais os microplásticos podem flutuar na atmosfera. A poeira das estradas, o desgaste dos pneus, os aterros ou mesmo o uso de relva artificial são todos potenciais pontos de entrada de microplásticos nas nuvens.

O oceano também pode enviar os seus microplásticos para o céu através da pulverização marítima. Além disso, outros processos podem tornar as partículas leves o suficiente para serem transportadas no ar.

Porque os microplásticos são preocupantes

De acordo com a pesquisa, a água das nuvens foi coletada nos cumes das duas montanhas japonesas, em altitudes entre 1.300 e 3.776 metros. Posteriormente, os cientistas usaram técnicas avançadas de imagem para determinar se – e quais – microplásticos estavam presentes.

O resultado foi que eles encontraram nove tipos diferentes de polímeros e um tipo de borracha nos microplásticos transportados pelo ar. As nuvens continham até 14 pedaços de plástico por litro de água, cujo tamanho variava de 7 a 95 micrômetros. Isso é ligeiramente acima da largura média de um fio de cabelo humano, com 80 micrômetros.

O problema, de acordo com cientistas, é que os plásticos podem formar núcleos de condensação, a parte da nuvem em que o vapor de água se condensa. “No geral, as nossas descobertas sugerem que os microplásticos de grandes altitudes podem influenciar a formação de nuvens. Isso, por sua vez, pode modificar o clima ”, afirmam os cientistas.

“Se a questão da ‘poluição atmosférica por plásticos’ não for abordada de forma proativa, as alterações climáticas e os riscos ecológicos podem tornar-se uma realidade. Isso causará danos ambientais irreversíveis e graves no futuro”, alertam.

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Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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