Pesquisa relaciona insulina à longevidade de formigas rainhas

Apesar de terem o mesmo genoma, formigas rainhas podem viver até 30 anos, enquanto operárias vivem de sete meses a um ano. A ciência descobriu o mecanismo por trás disso
Pesquisa relaciona insulina à longevidade de formigas rainhas
Imagem: Maksim Shutov/Unsplash/Reprodução

Uma proteína anti-insulina pode estar por trás da longevidade das formigas rainhas, mostrou um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Nova York, e publicado na última semana. 

Apesar de terem o mesmo genoma, formigas rainhas e operárias vivem tempos diferentes. As rainhas, responsáveis por reproduzir todo o formigueiro, podem viver até 30 anos. As operárias, por outro lado, sobrevivem de sete meses a um ano. 

A pesquisa identificou que formigas rainhas podem se reproduzir o quanto quiserem, e isso não forçará o seu envelhecimento. Na maioria dos animais, ter muitos filhotes está relacionado a uma vida útil mais curta.

O estudo observou um formigueiro da espécie Harpegnathos e observou um evento particular: quando a rainha morreu, as formigas operárias disputaram para se tornar a próxima monarca. 

Os vencedores do duelo, então, subiram na “hierarquia” e viraram “pseudo rainhas”, apesar de continuarem no corpo menor, característico das operárias. É então que as candidatas à realeza adquirem comportamentos característicos da rainha, como a postura dos ovos e expectativa de vida. 

Se antes as operárias viviam sete meses, ao subir um degrau em direção à monarquia, sua chance de viver salta para quatro anos. Mas, se forem substituídas por outra rainha, voltam ao status de trabalhadoras, param de botar ovos e a vida útil volta a ser sete meses. 

Ao usar o sequenciamento de RNA, os pesquisadores estudaram os tecidos das operárias e pseudo rainhas para entender o que acontecia de diferente no intervalo. O resultado foi surpreendente: as formigas candidatas a rainha geraram mais insulina em seus cérebros para produzir ovos. 

O que explica?

Os pesquisadores identificaram que o metabolismo das formigas rainhas é capaz de gerar uma proteína anti-insulina que bloqueia parte da via responsável pelo envelhecimento.

Isso acontece porque o aumento da insulina resulta na ativação de um dos principais ramos da via de sinalização do hormônio, o MAPK, responsável por controlar o metabolismo e a formação dos ovos. 

Assim, nas pseudo rainhas, o aumento da insulina induz o desenvolvimento do ovário, que começa a produzir uma proteína supressora de insulina (chamada lmp-L2). Essa proteína bloqueia uma via de sinalização que controla o envelhecimento. Quando ativado, esse hormônio encurta a vida das formigas. 

“Ao passar por uma mudança de casta reversível, isso resulta em um aumento dramático em sua vida útil e capacidade de reprodução”, disse Claude Desplan, co-autor do estudo, em comunicado. “As formigas oferecem uma oportunidade única de estudar como o envelhecimento e a reprodução podem ser desconectados”. 

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Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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