Ciência

Pesquisa revela causa da extinção do maior macaco do mundo

Estudo analisou fósseis e sedimentos de 22 cavernas nas bacias de Chongzuo e Bubing, no sul da China
Imagem: UCL/Reprodução

Um estudo publicado recentemente  na revista Nature oferece uma nova revelação sobre a extinção do Gigantopithecus blacki. Maior primata que já habitou a Terra, ele chegava a medir 3 metros de altura e pesar entre 200 e 300 quilos. A pesquisa propõe que a escassez de frutos pode ter sido um fator determinante na tragédia da extinção desse gigante.

O estudo, liderado pela geocronologista Kira Westaway da Escola de Ciências Naturais da Universidade Macquarie, na Austrália, analisou fósseis e sedimentos de 22 cavernas nas bacias de Chongzuo e Bubing, no sul da China.

Ao empregar seis métodos de datação, os pesquisadores determinaram que G. blacki desapareceu entre 295.000 e 215.000 anos atrás, um período mais tardio do que se estimava anteriormente.

Durante o auge do G. blacki, há cerca de 2,3 milhões de anos, a paisagem era caracterizada por densas florestas. Isso proporcionava ao macaco gigante uma dieta variada e rica em oligoelementos (elementos essenciais e são vitais para o corpo).

Contudo, há cerca de 700 mil anos, as mudanças na paisagem começaram a afetar significativamente o ambiente.

Com as florestas tornando-se mais abertas devido a mudanças nas estações, os alimentos florestais favoritos de G. blacki tornaram-se escassos, forçando o gigante a consumir uma dieta menos nutritiva e mais fibrosa.

A redução no número de fósseis de G. blacki durante esse período sugere uma diminuição populacional, enquanto outras espécies mais adaptáveis continuavam prosperando.

Análise aprofundada do macaco gigante

Os dentes do G. blacki revelaram a transição da dieta do primata ao longo do tempo. Enquanto as faixas distintas nos dentes indicavam uma dieta variada durante o auge, tornaram-se mais desfocadas à medida que as condições ambientais se deterioravam.

Curiosamente, o estudo comparou os resultados com os de um parente próximo, o orangotango extinto Pongo weidenreichi. Ele, ao contrário de G. blacki, conseguiu adaptar-se às mudanças ambientais com maior sucesso.

A análise mostrou que P. weidenreichi, que escalava árvores, continuou a apresentar faixas relativamente claras em seus dentes. Indicando uma adaptação mais eficiente às transformações no ambiente em comparação com o gigante terrestre.

Os pesquisadores sugerem que o orangotango pode ter subido em árvores para acessar alimentos fora do alcance da espécie maior, o que pode ter contribuído para sua capacidade de sobrevivência. .

Embora a pesquisa proporcione uma visão mais clara sobre as circunstâncias da extinção de G. blacki, os cientistas destacam a necessidade de mais evidências.

Eles precisam de fósseis adicionais para compreender melhor as necessidades alimentares do macaco gigante e o que o tornou mais vulnerável às mudanças ambientais do que outros herbívoros na floresta.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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