Ciência

Pesquisadores investigam sítio arqueológico de 3.800 anos em São Paulo

Sítio arqueológico se tornou marco para a arqueologia brasileira, e lança uma nova luz sobre a pré-história da região
Imagem: Leticia Correa/Zanettini Arqueologia

Um novo estudo investigou um sítio arqueológico de 3800 anos da cidade de São Paulo (SP)  — o mais antigo já encontrado na região.

O sítio arqueológico está localizado no Morumbi, zona sul da cidade, e surgiu durante uma pesquisa de rotina antes de uma construção.

Grupos de caçadores e coletores exploraram inicialmente a área, segundo revelou a análise do material arqueológico. No entanto, cerca de 800 anos atrás, ceramistas, possivelmente do grupo Itararé-Taquara, podem ter ocupado a área.

Descoberta e nova pesquisa

Na década de 1960, o engenheiro Caspar Hans Luchsinger descobriu o sítio por acaso, enquanto abria loteamentos na região do Morumbi. Ele encontrou instrumentos de pedra lascada, fazendo o primeiro registro arqueológico da área.

No entanto, a propriedade foi vendida com o avanço da ocupação imobiliária da região. O novo proprietário começou a construir sua residência em um dos lotes do terreno, realizando uma extensa escavação no local.

Uma nova pesquisa na área só foi possível com a formalização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

“Quando adentramos o terreno em 2022, tivemos a felicidade de identificar uma pequena porção do sítio ainda preservada, onde obtivemos amostras de carvão para datação, o que permitiu inserir cronologicamente o sítio no ‘curso da história’”, diz o grupo de pesquisadores que assina o estudo, em comunicado.

O conjunto de pesquisas no sítio desde sua descoberta resultou na formação de um acervo de mais de 300 mil peças. Hoje, essas peças estão depositadas no Centro de Arqueologia de São Paulo, mantido pela Prefeitura no Sítio Morrinhos, no bairro da Casa Verde.

O que o sítio arqueológico revela

De acordo com o jornal da USP, os arqueólogos encontraram um carvão de um período no qual o espaço funcionava como uma espécie de pedreira para povos caçadores e coletores com alta mobilidade. Eles extraíam a rocha sílex da região, conhecida como pedra lascada.

Grupos de caçadores e coletores exploraram a área por milhares de anos, conforme mostram as datações dos arqueólogos.

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Detalhes do solo mostram as lascas deixadas pelos antigos moradores do local. Imagem: Leticia Correa/Zanettini Arqueologia

“Também surgiu a hipótese de que, há cerca de 800 anos. A área recebeu aldeias de agricultores e ceramistas, grupos mais estáveis na bacia de São Paulo, embora nenhuma cerâmica tenha sido encontrada junto às dezenas de milhares de lascas, algumas trabalhadas ou produto da própria atividade”, conclui o grupo.

Entre os artefatos descobertos, destacam-se pontas de lança, ferramentas de corte e objetos de adorno pessoal — o que oferece pistas sobre as práticas culturais e sociais da época.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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