Pesquisadores “revivem” olhos de doadores mortos
Pesquisadores já mostraram que, até cinco horas após a morte de uma pessoa, os olhos ainda respondem à luzes coloridas, flashes e outros estímulos visuais. Mas o tempo também faz com que os fotorreceptores – células sensíveis à luz – percam a capacidade de se comunicar com outras células da retina, o que acaba inutilizando o órgão.
Uma pesquisa publicada na revista Nature pode mudar essa história. Pesquisadores da Universidade de Utah, nos EUA, identificaram a privação de oxigênio como fator causador dessa perda de comunicação.
Então, os cientistas desenvolveram uma unidade de transporte especial capaz de restaurar a oxigenação e outros nutrientes para os olhos do doador. Além disso, criaram um dispositivo que estimula a retina e mede a atividade elétrica das células.
O maquinário foi utilizado com pares de olhos obtidos apenas 20 minutos após a morte do doador. Felizmente, os pesquisadores conseguiram reviver os órgãos em laboratório, restaurando seus sinais elétricos.
A degeneração macular relacionada à idade é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. O estudo do funcionamento das células pode ajudar cientistas, no futuro, a encontrar formas de recuperar a função do órgão.
A maior parte dos estudos sobre perda de visão utiliza camundongos de cobaia. Porém, esses roedores não têm mácula – região no centro da retina onde ficam os fotorreceptores –, o que torna as descobertas imprecisas.
O uso de olhos humanos abre uma nova era na pesquisa científica, e os pesquisadores esperam que a mudança incentive as pessoas a se tornarem doadoras de órgãos.