Onde vamos plantar comida com as constantes altas de temperatura na Terra?
Um número pequeno de plantações compõe a dieta mundial. No entanto, com o mundo ficando cada vez mais quente, os lugares capazes de manter essas plantações crescerem deverão mudar.
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Um novo estudo publicado na Nature Communications por pesquisadores da Universidade de Birmingham analisa se os locais onde nós plantamos nossas culturas básicas — milho, trigo e arroz — serão capazes de continuar a crescer esses três tipos de alimento no próximo século. Considerando nosso crescimento populacional estabilizado, não será o suficiente nem para manter a produção atual. Nós temos de continuar aumentando a quantidade de comida que produzimos.
Até o momento, podemos dizer que fizemos um bom trabalho ao manter o ritmo de crescimento de demanda por comida. Só os Estados Unidos dobraram a quantidade de comida cultivada nos últimos 60 anos — e ainda conseguiu fazê-lo com menos campos agrícolas do que antes. No entanto, com o mundo se tornando muito quente, os pesquisadores descobriram que os locais agrícolas onde colheitas estáveis crescem vão secar ou terem de ser deslocadas para novas localidades.
Mapa mostra variações percentuais em rendimento atingível para milho (maize), trigo (wheat) e arroz (rice) até o fim do século. Crédito: Nature Communications
O leste dos Estados Unidos, responsável por grandes plantações de milho e trigo, vai ser bastante afetado ainda neste século. Europa, África Subsaariana e partes da América do Sul também vão passar por uma redução de rendimentos das colheitas.
Em latitudes mais ao norte, no entanto, a produção terá um impacto positivo. Com temperaturas mais altas, pode aumentar o rendimento das colheitas ou tornar alguns lugares que previamente eram muito frios passíveis para plantação. Os estudiosos previram que o centro da Rússia e o Canadá, especificamente, terão ganhos significativos.
O crescimento de novas regiões agrícolas, no entanto, não compensará a perda de outras. Embora as tendências de temperatura sugerirem que a produção de culturas no Canadá e na Rússia podem prosperar, há muito mais envolvido que apenas a temperatura na elaboração de campos agrícolas férteis. As fazendas precisam de maquinário, água e um excelente controle de pesticidas, além disso são necessários fazendeiros com experiência nessas áreas para tocar esse tipo de colheita. Ter novas localidades produtoras vai levar tempo e recursos consideráveis.
É possível que áreas de colheita de produtos base consigam achar formas de aumentar a produção apesar das temperaturas — com novas variações de milho e trigo, por exemplo — para ajudar a compensar o eminente déficit. Certamente, no mundo mais quente e mais populoso do futuro, vamos necessitar de toda a comida que conseguirmos produzir.
Foto do topo: Consequência das altas temperaturas em campo de trigo em Palouse, nos Estados Unidos (Charles Knowles/Flickr).