Como policiais conseguiram acusar um incendiário utilizando um app do filho dele

Autoridades vincularam um homem a um incêndio que destruiu "mais de US$ 1 milhão" em propriedades de uma fábrica nos EUA ao convencer o filho dele a dar acesso a um aplicativo que permitiu visualizar os movimentos do suspeito.
Autoridades respondem ao incêndio no Hard Rock Granite em Barre, Vermont, em 11 de janeiro de 2020. Captura de tela: WCAX

Autoridades vincularam um homem a um incêndio que destruiu “mais de US$ 1 milhão” em propriedades de uma fábrica nos EUA ao convencer o filho dele a dar acesso a um aplicativo que permitiu visualizar os movimentos do suspeito.

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A polícia já tinha identificado Glenn “Chip” Hill, um homem que mora em Barre, a maior cidade no Condado de Washington, Vermont, nos EUA, como um suspeito depois de imagens das câmeras de segurança mostrarem seu carro próximo da fábrica Hard Rock Granite, sua ex-empresa, quando ela pegou fogo.

De acordo com a Forbes, a polícia descobriu que tanto seu celular quanto um aparelho que pertencia ao seu filho tinha instalados o aplicativo Life360, um serviço de rastreamento que permite que pais sigam seus filhos em tempo real e vice-versa. Em outras palavras, os dois celulares serviram como dispositivo de vigilância. O único problema é que eles usavam uma versão gratuita, que oferece os dados apenas dos últimos dois dias.

A Forbes escreve que a polícia obteve um mandado de busca e contataram a esposa e o filho de Hill, pedindo a eles que fizessem o upgrade para a versão paga, que custa US$ 8, e rastrearam os dados dos últimos 30 dias, que incluía o dia do incêndio. Do mandado:

Em poucos segundos, o histórico de localização de 30 dias de Glenn Hill e [de seu filho] começou a se revelar. O detetive sargento Ambroz olhou o aplicativo […] e observou que no dia do incêndio, 11 de janeiro de 2020, o aplicativo Life360 mostrou Hill localizado em Hardrock Granite, em Barre, no momento do incêndio, das 14h22 às 15h31 horas.

A polícia não parou por aí. Documentos obtidos pela Forbes mostraram que eles entregaram um mandado à Life360 exigindo que entregassem o histórico de conversas dentro do app, em como “todas as informações de coordenadas de precisão de localização, atividade de movimento, monitoramento e rastreamento do comportamento do motorista e horários específicos em que o telefone celular estava em movimento e parado”.

Essas informações foram suficientes para seguir os movimentos específicos de Hill no local do crime. A Life360, como outra empresa chamada Dr. Chrono, que forneceu acesso a históricos médicos à polícia, não emite relatórios de transparência e não está claro com que frequência eles fornecem informações às autoridades.

Uma coisa clara desse caso é que os celulares produzem dados não apenas a partir do sistema, mas de aplicativos, sites logados e para as redes que estão conectados também. Empresas regularmente criam formas de impedir que esse tipo de informação seja coletada, e a polícia utiliza regularmente dados de localização para identificar os suspeitos ou produzir provas sobre eles.

E para as pessoas que não pensam em cometer crimes, é um lembrete de que dados de localização podem ser utilizados para te rastrear de formas bastante invasivas, até mesmo por quem supostamente te ama.

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