Na última sexta-feira (21), a NASA decidiu adiar indefinidamente o retorno da Starliner — a nova espaçonave construída pela Boeing — à Terra. A expectativa é que a nave deixe a ISS (Estação Espacial Internacional) em julho, mas a agência evitou definir uma data exata de quando isso irá acontecer.
A nave da Boeing foi lançada em um foguete Atlas V, no último dia 5 de junho, rumo à ISS. Inicialmente, ela ficaria em órbita durante apenas uma semana, voltando no dia 14.
Contudo, engenheiros da NASA e da Boeing analisaram dados da jornada da (problemática) Starliner e vem adiando várias oportunidades de retorno dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams.
Atualmente, os dos maiores problemas da Starliner são: os vazamentos de hélio em cinco tanques da Starliner e falhas em cinco dos 28 sistemas de propulsores de controle de reação. A agência está avaliando o quanto a nave é segura para voltar à Terra com os astronautas a bordo.
Vale lembrar que esta é a primeira viagem tripulada da nave Starliner para a ISS. A missão tem o objetivo de, justamente, certificar que a nova espaçonave está pronta para ser usada para levar astronautas ao espaço.
Starliner só volta após mais análises
“Estamos tomando o tempo necessário e seguindo o processo padrão da nossa equipe de gerenciamento de missões”, disse Steve Stich, diretor do Programa de Tripulação Comercial da NASA.
De acordo com Stich, a NASA analisa os dados da Starliner para decidir como lidar com os vazamentos de hélio e os problemas no desempenho dos propulsores que apareceram durante a missão.
Na última terça-feira (18), por exemplo, oficiais da NASA e da Boeing haviam definido que a Starliner retornaria na próxima quarta-feira (26). Porém, novas reuniões, na última quinta e sexta, fizeram a NASA decidir pelo adiamento da volta da Starliner.
Segundo fontes próximas, a NASA acredita que os astronautas da Starliner não vão lidar com todos os problemas durante a volta à Terra. Por isso, a agência decidiu que os astronautas farão duas caminhadas no espaço nos próximos dias 24 de junho e 2 de julho para avaliar a espaçonave.
Desse modo, a Starliner não deve voltar antes de 4 de julho. Segundo Stich, esse tempo servirá também para os astronautas realizarem algumas atividades na ISS enquanto a NASA prepara a volta da Starliner à Terra.
Risco à segurança
Vale lembrar que a ISS conta atualmente com mais duas espaçonaves acopladas, a Crew Dragon, da SpaceX, e Soyuz, da agência russa Roscosmos. Ambas podem comportar até 7 astronautas. Porém, a ISS abriga atualmente 9 astronautas.
Caso a NASA decida que a Starliner não seja segura para trazer Wilmore e Williams para a Terra, a agência terá nas mãos um grande problema de segurança. Isso porque, em casa de uma emergência a bordo que seja preciso evacuar a ISS, dois astronautas terão que ficar para trás.
Em dezembro de 2022, um problema parecido ocorreu com a nave Soyuz, que também enfrentou um problema de vazamento. Na época, a solução dos russos foi acelerar o lançamento de uma nave reserva para trazer os astronautas em segurança para a Terra.
Atualmente, somente a SpaceX conta com naves certificadas para levar astronautas da NASA para a ISS. A nave da Boeing seria uma forma de aumentar a redundância do acesso ao espaço, com a agência não dependendo apenas da empresa de Elon Musk.