Por que a nova atualização do Ethereum é um marco para a ecologia?
Daqui em diante, o dia 15 de setembro de 2022 será considerado um marco importante na história das criptomoedas — e também da ecologia. Desenvolvedores do Ethereum anunciaram que concluíram uma atualização na plataforma para que ela passasse a funcionar por meio de um novo mecanismo conhecido como “Prova de Participação” – ou “PoS”, na sigla em inglês.
Na prática, esse mecanismo elimina a necessidade do tradicional processo de mineração de criptomoedas. Até então, esse processo exigia um grande poder computacional – distribuído em vários computadores pelo mundo – para conseguir dar conta da enorme quantidade de cálculos extremamente complexos necessários para validar e registrar todas as transações realizadas em Ethereum ao redor do planeta.
A principal desvantagem da mineração é que ele necessita de um enorme (e crescente) consumo de energia elétrica. Esse gasto intensivo de eletricidade pelas criptomoedas era alvo de recorrentes críticas, pois ele era incompatível com as preocupações atuais sobre as mudanças climáticas e a necessidade de adotar um consumo energético mais consciente.
Conforme apontou o Ars Technica, antes da mudança, o consumo anual de energia da rede Ethereum era comparável ao do Chile, e sua pegada de carbono era semelhante à de Hong Kong.
Com a atualização, não existe mais essa preocupação. Na verdade, o Ethereum estima que a nova plataforma reduz o consumo de energia nas transações em 99,95%.
Atualmente, o Ethereum é a segunda maior criptomoeda do mundo – depois do Bitcoin. Além disso, ela é uma das principais redes de negociações de NFTs da atualidade.
Uma mudança desse porte nunca tinha sido tentada antes por outras moedas virtuais, o que torna o feito em algo impressionante. Além da sustentabilidade, a atualização promete mais escalabilidade, diversificação e segurança para a plataforma.
A atualização “Merge” do Ethereum
A mudança, claro, não foi algo simples. Ela vem sendo planejada há anos, com o projeto recebendo o nome de “Merge”. Uma potencial falha durante essa atualização poderia gerar um duro golpe para o ambiente das criptomoedas, levando o mercado a uma grande queda.
Inicialmente, foi criada uma nova plataforma batizada de “Beacon Chain” – lançada em dezembro de 2020. Em linhas gerais, ela foi desenhada para limitar a quantidade de processamento necessário para cada bloco de transação da criptomoeda, e, portanto, reduzindo o gasto de energia. Desde então, o Ethereum vinha fazendo testes extensivos para atestar a eficácia do novo sistema.
Após vários atrasos e adiamentos, durante a madrugada desta quinta-feira (15) iniciou-se o trabalho de fusão entre a “Beacon Chain” com a antiga plataforma, a “Mainnet” – que era usada pelo Ethereum desde 2015.
O trabalho envolveu migrar todas as contas, transações e contratos inteligentes da rede – algo que levou cerca de 15 minutos para ser concluído.
Inclusive, uma “festa” no YouTube foi organizada para acompanhar a migração, contando com a participação de engenheiros e pesquisadores que trabalharam no procedimento de fusão.
Felizmente, a fusão foi realizada com sucesso. A partir de agora, as transações do Ethereum passam a funcionar sem a necessidade da mineração, e de forma mais eficiente.
O Ethereum explica que todo o histórico de transações foi preservado, incluindo os saldos em conta de todos os usuários. As carteiras digitais continuam a funcionar exatamente da mesma forma como antes, sem que seja necessário executar qualquer ação.
Além disso, a plataforma ressalta que a validação das transações não será mais rápida. Na verdade, ela terá a mesma velocidade, porém, sem o alto consumo de energia de antes.