É por isso que o gelo marinho antártico diminuiu esse ano

Nova explicação mostra o tanto que ainda precisamos aprender sobre o que controla o gelo ao redor do Polo Sul

O desaparecimento de gelo do mar ártico já está bem documentado, com uma causa bem estabelecida. Porém, no verão passado, cientistas ficaram assustados ao descobrir que o gelo antártico também começou a sumir. Agora, os cientistas do British Antarctic Survey estão jogando a culpa pelo evento em uma onda de clima estranho, mostrando o tanto que nós ainda precisamos aprender sobre o que controla o gelo ao redor do Polo Sul.

De setembro a novembro de 2016, o anel de gelo ao redor da Antártida derreteu em uma taxa de até 75 mil quilômetros quadrados por dia, mais rápido do que qualquer derretimento de primavera desde que o satélite começou a gravar os dados. Em 1º de março, o pico do verão austral, o mar de gelo antártico tinha diminuído 2,1 milhões de quilômetros quadrados, um recorde. Geralmente, o gelo marinho antártico fica no limite de cerca de 3 milhões de quilômetros quadrados, ou 30% a mais de gelo.

Se você precisa de uma prova visual de que esse verão foi bem esquisito, dê uma olhada nesse gráfico da extensão de gelo do gelo marinho antártico para o mês de novembro:

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O derretimento repentino fez os cientistas se perguntarem sobre o que estava acontecendo durante meses. Agora, depois de comparar a tendência de dados de gelo marinho com os padrões de circulação atmosférica, um time de pesquisadores está oferecendo uma explicação provável.

Em uma matéria para o Geophysical Research Letters no mês passado, os cientistas explicaram como a queda do gelo coincidiu com uma série de notáveis anomalias climáticas e tempestades, que começaram em setembro com um centro de pressão extremamente baixa no mar de Amundsen saindo da costa da Antártica Oeste. Em novembro, o mar Weddle estava perdendo 77 mil quilômetros quadrados por dia.

“Não há indicação de que isso seja nada além de variabilidade natural”, disse o autor principal do estudo, John Turner, em um comunicado. “Ele destaca o fato de que o clima da Antártica é incrivelmente variável.”

Cecilia Bitz, uma pesquisadora de gelo marinho na Universidade de Washington, disse ao Gizmodo que a explicação oferecida no novo artigo “parece precisa” e combina bem com sua própria interpretação dos dados do gelo marinho. Bitz, com seu pós-doutorado, atualmente tem um artigo em análise, que descreveu como “totalmente complementar e de acordo” com o de Turner.

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Concentrações de gelo marinho no Oceano Sul ao redor da Antártica, data acessada em 2 de julho de 2017. Imagem: National Snow and Ice Data Center

Explicar os padrões climáticos e suas tendências no continente mais ao sul do nosso planeta está provando ser um desafio incrível. Tirando 2016, o gelo marinho da Antártida vem se expandindo lenta mas continuamente, no registro do satélite, atingindo um máximo histórico em outubro de 2014, apesar da tendência de aquecimento global. Os cientistas atribuem essa expansão aparentemente bizarra a tudo, desde a topografia a padrões climáticos decenais à camada de ozônio e até mesmo o aquecimento global, Mas a verdade é que ainda não sabemos o que está acontecendo.

As descobertas do novo estudo são úteis porque acrescentam outra camada à nossa compreensão da variabilidade no gelo ao redor do Polo Sul. Elas são reforçadas pelo fato de que outros pesquisadores já estão as replicando, mas mais mentes e mais dados podem fazer com que a imagem evolua ainda mais. A esperança é de que a acumulação constante de conhecimento científico nos ajude a prever melhor o futuro da Antártida e a ajudar a humanidade a se preparar para as conseqüências.

[Geophysical Research Letters]

Imagem do topo: British Antarctic Survey

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